Continua após publicidade

Importante exposição que une África e América chega a São Paulo

O Masp inaugura nesta semana a grandiosa exibição, com 432 obras divididas entre o prédio na Paulista e o Instituto Tomie Ohtake

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 jun 2018, 06h00 - Publicado em 22 jun 2018, 06h00

Está marcada para sexta (29) a aguardada abertura de Histórias Afro-Atlânticas, no Masp. A mostra ocupará três pavimentos do prédio na Paulista e vai se desdobrar também no Instituto Tomie Ohtake, numa parceria inédita com o espaço de Pinheiros. No total, 432 obras de 213 artistas (perto de 50% deles negros) de doze países estarão em exibição até 21 de outubro. Não se trata, porém, da maior exposição realizada desde que Adriano Pedrosa assumiu a direção artística do Masp, em outubro de 2014 — a reedição de A Mão do Povo Brasileiro (2016) reuniu mais de 1 000 itens (confira outras montagens grandiosas no quadro ao final).

‘A Permanência das Estruturas’ (2017), da paulista Rosana Paulino (Rosana Paulino/Veja SP)

Em função da diversidade do conjunto, contudo, é possível afirmar que é a mais importante mostra desta gestão. Ao custo estimado de 3 milhões de reais, foram reunidas peças que tratam dos fluxos migratórios e culturais que unem África e América, incluindo a região do Caribe. Fazem parte da seleção expoentes célebres, como os holandeses Frans Post (1612-1680) e Albert Eckhout (1610-1665), e artistas contemporâneos brasileiros, entre eles Rosana Paulino, autora da impactante A Permanência das Estruturas (2017), uma alusão aos navios negreiros.

Obra do dominicano Gilberto Hernández Ortega: ‘Marchanta’ (1976), exposto na mostra (Museo Bellapart/Veja SP)

Pedrosa está à frente da equipe curatorial, que conta ainda com Ayrson Heráclito, Tomás Toledo, Hélio Menezes e Lilia Schwarcz, com quem o diretor fez há quatro anos Histórias Mestiças, considerada a “mãe” da exposição atual. Se lá o foco estava na violência do período da colonização no Brasil, aqui o recorte é ampliado para as complexas relações entre os continentes e marca os 130 anos da promulgação da Lei Áurea, de 1888. “É preciso ver essa data de forma crítica e, assim, analisar os reflexos da escravidão na sociedade, como o alto índice de assassinatos de jovens negros, os casos de racismo e a exclusão do mercado de trabalho e do sistema de educação”, afirma Toledo, um dos curadores.

Continua após a publicidade

Além de estar representada em figuras batidas, como a da ama de leite, a população negra surge em retratos diversos, como o da mulher altiva de chapéu colorido da pintura Marchanta, do dominicano Gilberto Hernández Ortega (1923-1979). Dão força ao time brasileiro representantes de diferentes gerações, como Emanoel Araújo, Paulo Nazareth e Jaime Lauriano. “A mostra faz parte de um contexto maior, em que há o aumento da participação de artistas negros no cenário mundial”, analisa Lauriano.

‘A Marcante What Goes without Saying’ (2012), do americano Hank Willis Thomas (Museo Bellapart/Veja SP)

Nos bastidores, Afro-Atlânticas chamou atenção também por um motivo mais burocrático. Na primeira semana de junho, o museu levou um susto com o valor das taxas que seriam cobradas pela entrada de alguns dos trabalhos no país. Devido a uma reinterpretação na política tarifária, o montante poderia alcançar 4,8 milhões de reais, valor que inviabilizaria o projeto. Graças a duas liminares, que valem para os aeroportos de Viracopos e Guarulhos, a situação foi revertida por enquanto. “Vamos trabalhar normalmente”, afirmou o diretor financeiro Lucas Pêssoa.


COLOSSOS DO MUSEU EM NÚMEROS

Tatsumi Orimoto
A mostra de 2008 do artista japonês, com 1 171 obras, é a maior da história do museu nos últimos doze anos.

A Mão do Povo Brasileiro
O segundo lugar fica com a reedição da exposição feita em 1969. A edição de 2016 era composta de cerca de 1 000 itens.

Charles Darwin
Em 2007, a mostra dedicada à biografia e à teoria da evolução do inglês, que viveu no século XIX, reuniu 400 itens.

Imperadores Romanos
Em 2012, 370 relíquias inéditas no Brasil retrataram as conquistas de uma das grandes civilizações da história.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 49,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.