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Geek chic: visual ultracomportado com acessórios moderninhos

Camisa xadrez, gravata-borboleta e malhas gastas são alguns itens da moda nerd

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Óculos de grau enormes, camisa xadrez fechada até o último botão, colete de lã e gravata-borboleta. Símbolos de uma turma considerada esquisitona e desajeitada na década de 80, os nerds, essas peças voltaram às ruas da cidade. Sacudiram a poeira e deram a volta por cima nos closets dos paulistanos que se definem como descolados. É a onda geek chic, referência à galerinha que curte informática, matemática complicadíssima e brinquedos tecnológicos. Boa parte dos neoadeptos, porém, nem sabe a diferença entre uma equação e um logaritmo. Às vezes, eles usam os óculos como mero acessório – ou seja, não têm problema de vista nenhum.

Por aqui, o estilo caiu nas graças de frequentadores de casas noturnas da Rua Augusta e da Barra Funda. O estudante de cinema Marcelo Elídio, de 20 anos, é um deles. Para quebrar o visual todo certinho, combina camisa xadrez, cardigã de lã e blazer com calça bem justa. Ele busca referências em sites especializados e filmes como A Vingança dos Nerds, de 1984. “Com o tempo, tudo vira cult”, diz. Além dos longas-metragens, há outras inspirações. “A Ugly Betty e a Chiquinha, do Chaves, são personagens muito geek”, afirma Paula Reboredo, proprietária do brechó B. Luxo, point dos novos nerds. Os protagonistas do seriado americano The Big Bang Theory, que tentam – geralmente em vão – conquistar as mulheres explicando a teoria da relatividade, são outros exemplos. “O nerd do terceiro milênio é mais moderno”, conta a consultora de moda Helena Montanarini. “Usa elementos do rock e acessórios transados.” O designer gráfico Roderico Souza, de 24 anos, veste jaqueta de couro e calça de alfaiataria criada por Alexandre Herchcovitch para equilibrar o look. Ele cresceu em Feira de Santana, na Bahia, e mudou-se para São Paulo há um ano. Na capital paulista, sente-se mais à vontade para usar o que bem entender. “É a minha forma de expressão”, diz o jovem, que, entre outras peculiaridades, não tem telefone celular.

Referências ao universo geek começaram a aparecer nas passarelas há dois anos. Na última São Paulo Fashion Week, modelos da grife Amapô desfilaram grandes óculos de acetato. Lá fora, a Marc By Marc, de Marc Jacobs, aposta em listras e xadrez para ambos os sexos. Mas não é necessário gastar um dinheirão em peças de marcas badaladas para fazer a linha nerd fashion. “Meu look não custa mais de 10 reais”, jura a estilista Talita Rossi, de 24 anos. De férias em São Paulo, a moça, que já morou em Paris e Londres, explica: só compra em brechós e bazares de caridade, além de aceitar doações de amigos. E foi ela quem desenhou o vestido azul-marinho de helanca (tecido usado na confecção de uniformes escolares) exibido ao lado. Talita chama atenção por onde passa e chega a ser parada na rua por curiosos. “Não gosto de rótulos”, avisa. “Sou cada dia de um jeito.”

Lista básica do geek chic

– Óculos de lentes transparentes, grandes e de aro grosso – mesmo sem grau

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– Camisa xadrez

– Sobreposições de peças e estampas

– Roupas sociais de alfaiataria

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– Gravata-borboleta

– Vestido retrô (comprado em brechó ou emprestado do closet da avó)

– Malhas gastas e cardigãs

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– Meias grossas de lã

– Sapatos masculinos formais, como o modelo Oxford, usado também pelas mulheres

– Relógio antigo, não necessariamente funcionando

– Para elas, cabelo meio preso

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