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Furtos de rodas e pneus dobram na capital em quatro anos

Até pátio do Detran se tornou alvo de bandidos; veja os dez bairros com mais ocorrências neste ano

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 set 2017, 06h00 - Publicado em 15 set 2017, 06h00

Em uma tarde de março de 2014, depois de ministrar uma aula particular no bairro do Belém, na Zona Leste, a professora de educação física Denise Grillo encontrou seu Renault Sandero, com apenas seis meses de uso, equilibrado em cima de dois macacos hidráulicos na vaga em que estacionara na rua.

As quatro rodas e seus respectivos pneus haviam sido furtados, deixando-a com um prejuízo de 1 500 reais. Em julho do ano passado, ela voltou a ter uma experiência desagradável com o veículo, após fazer compras em um supermercado na Vila Mariana. Dessa vez, o estepe foi subtraído e 300 reais tiveram de ser desembolsados para repor o equipamento. “Virou rotina, estou só esperando pelo próximo ataque”, lamenta.

Episódios como esses têm mesmo se tornado cada vez mais comuns em São Paulo. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que a capital registrou 416 furtos de rodas e pneus de carros nos seis primeiros meses deste ano. Isso representa uma média de mais de dois casos por dia.

Trata-se do dobro do que era contabilizado por aqui em 2013. A região com maior incidência do crime é a Zona Leste, com mais da metade das ocorrências (veja o quadro abaixo). Segundo especialistas, isso acontece porque a área concentra grande número de desmanches e borracharias que comercializam produtos sem garantia de procedência.

Pátio do Detran, no Ipiranga: treze furtos desde o início do ano (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Nas ruas, os ladrões usam táticas para não chamar atenção. Uma das mais frequentes é roubar apenas as duas rodas coladas ao meio-fio, mais escondidas da visão alheia. “Tudo ocorre muito rápido: um dos bandidos só tira os parafusos e outro depois passa e carrega tudo. É uma espécie de pit stop do crime”, define o empresário Stefan Bocato, dono de uma loja de pneus e manutenção de veículos na Mooca. “Vendo uns quatro jogos por semana a clientes roubados aqui no entorno.”

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Moradora do pedaço, a comerciante Marcela Félix acordou uma manhã no início deste ano com a notícia de que era mais uma vítima. “Um vizinho me avisou que meu carro estava todo torto na rua”, conta. Ela gastou 3 400 reais para substituir o par de rodas levado de seu Chevrolet Onix 2016. O modelo é um dos preferidos dos criminosos. Um total de 26 foi alvo de furtos do tipo em 2017, menos apenas que o Hyundai HB20, com trinta ocorrências.

O prejuízo pode variar bastante de acordo com o veículo roubado. Um pneu simples custa no mínimo 200 reais. No caso de automóveis mais caros, o valor do conjunto pode chegar a 5 000 reais. Para se precaverem, muitos proprietários estão instalando um sistema antifurto, com parafusos que possuem segredos.

Em lojas especializadas, o jogo com quatro unidades custa de 30 a 200 reais. “Há peças com até 8 000 combinações diferentes”, afirma Vinícius Valloz, dono de uma empresa vendedora de travas, que registrou um aumento de 15% na procura por esse equipamento neste ano.

Para tentar coibir o crime, a polícia tem atuado nos pontos de receptação dos produtos roubados. “Orientamos os borracheiros a anotar os dados de todas as pessoas que vendem pneus e rodas”, afirma o delegado Ricardo Salvatori, titular do 57º DP, na Mooca, na Zona Leste.

A ação rendeu resultados por ali. Líder em crimes do tipo em 2016, com 47 casos, o bairro registrou uma queda para dez nos seis primeiros meses de 2017. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que em junho prendeu uma quadrilha que atuava na região do Ipiranga.

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No mesmo bairro da Zona Sul aconteceram as ações mais inusitadas. Na altura do número 6752 da Avenida Presidente Wilson, ocorreram treze roubos de janeiro para cá. O mais surpreendente é que no local funciona um pátio do Detran usado para abrigar veículos apreendidos por pendências judiciais. Ou seja, larápios estão invadindo um terreno sob custódia do governo estadual e levando equipamentos nas barbas do poder público.

Por meio de nota, a direção do órgão afirma que vai reembolsar os proprietários dos veículos. Além disso, diz ter tomado recentemente medidas para melhorar a vigilância na área, como aumentar a altura do muro e contratar uma equipe de segurança 24 horas. Há também uma investigação em curso para tentar chegar aos responsáveis pelos crimes.

Área de risco 

Os dez bairros com mais ocorrências neste ano

Ipiranga: 27
Vila Carrão: 20
Vila Formosa: 19
Mooca: 18
São Mateus: 18
Aricanduva: 14
Tatuapé: 14
Parque São Lucas: 13
Santo Amaro: 13
Vila Prudente: 13

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