Moradores se unem para salvar a árvore mais antiga da capital
Figueira das Lágrimas tem mais de duzentos anos e sofre com a falta de cuidados
Um dos principais monumentos vivos da capital se mantém de pé a duras penas. Localizada na altura do número 515 da Estrada das Lágrimas, no bairro do Ipiranga, a árvore conhecida como Figueira das Lágrimas, da espécie figueira-brava, luta para sobreviver em um ambiente hostil. Os muros que cercam seu terreno estão cedendo, a placa que conta sua história foi furtada e uma figueira-asiática, plantada a seu lado, compete por alimento, água e espaço. “Ela está sendo prejudicada faz tempo”, lamenta a aposentada Yara Rodrigues, vizinha que zela pela planta há 42 anos.
De modo a reverter essa situação, uma ação popular surgiu em fevereiro pedindo recursos à prefeitura para sua preservação. “Lamento pela forma como ela está largada”, afirma o advogado Julio Cesar Sanchez, autor da peça e também morador da região. Em sua defesa, a administração municipal diz que cuida da árvore. “A prefeitura está reunindo todos os seus esforços na manutenção do exemplar histórico”, relata o documento.
Com mais de 200 anos, a Figueira das Lágrimas é considerada a árvore mais antiga registrada na cidade. Seu apelido remonta a um episódio histórico. Conta-se que, em seu tronco, mães e esposas choravam ao ver a partida de filhos e do marido para a Guerra do Paraguai (1864- 1870). “Ela nasceu no século XVIII e sua espécie era muito comum na Mata Atlântica, mas hoje está sob ameaça”, explica o paisagista e botânico Ricardo Cardim. “Trata-se de um tesouro da cidade que está abandonado”, completa.