Continua após publicidade

Festas LGBTQIAP+ onde sexo é permitido são suspensas devido à monkeypox

Organizadores lutam contra título de “peste gay”

Por Mattheus Goto
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h33 - Publicado em 16 set 2022, 06h00

Quarenta anos depois da epidemia de HIV/aids, homens gays e bissexuais estão lutando contra um novo estigma: o da monkeypox. Diferentemente do vírus de 1980, a varíola dos macacos, também chamada de varíola símia, não é uma IST (infecção sexualmente transmissível).

+ Love Story passa por reformas e terá elementos de fetiche e pompoarismo

Sua transmissão ocorre por vias respiratórias ou pelo contato direto com a lesão na pele de uma pessoa infectada e, por isso, há casos de gestantes e bebês contaminados.

Porém a doença vem se disseminando mais rapidamente entre gays e bissexuais, o que fez o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, pedir a “homens que fazem sexo com homens” que diminuíssem o número de parceiros e relações sexuais como medida para tentar conter o surto mundial.

Continua após a publicidade

Em São Paulo, onde se concentra mais da metade dos infectados no Brasil — terceiro país do mundo com mais casos —, já há um movimento de suspensão voluntária de festas LGBTQIAP+ liberais, onde as relações sexuais não são reprimidas.

+ Como São Paulo se prepara para conter o avanço da varíola dos macacos

“Estamos fazendo a nossa parte, ainda que pequena, porque esse é um problema de saúde pública que afeta todo mundo, mas tem afetado mais diretamente a nossa comunidade”, afirma Rafael Maia, criador da festa Kevin. O empresário e jornalista conta que tomou essa iniciativa diante do aumento de casos e da preocupação dos próprios frequentadores.

Continua após a publicidade

A Dando teve de adiar uma edição em 6 de agosto após receber recomendações de cancelamento de infectologistas. “Carregando esse estigma e obedecendo a ciência, estamos sem clima para festa”, disse a organização, em comunicado na data.

“Devemos enquanto ‘festa’ e sociedade civil trabalhar juntos em um planejamento para a redução de danos.” Ambas as festas não têm previsão de retorno até a chegada das vacinas — cujo primeiro lote está previsto para setembro.

+ Brasil ganha material biológico para vacina contra varíola dos macacos

Continua após a publicidade

A prefeitura de São Paulo não proibiu a realização de eventos do tipo, apenas divulgou, no fim de agosto, um pacote de medidas de prevenção e controle que indica a intensificação da limpeza e desinfecção de espaços como motéis.

A Secretaria Municipal de Saúde se reuniu com empresários do setor para orientá-los sobre os protocolos e, à VEJA SÃO PAULO, disse que as recomendações valem “para todas as situações e locais”.

“Proibir seria uma loucura, pois reforçaria o estigma sem bons resultados na contenção do vírus”, explica o infectologista Rico Vasconcelos, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Se as pessoas não se encontrarem nas festas, vão se encontrar em outro lugar.”

Continua após a publicidade

+ Viúva de servidor que morreu de Covid será indenizada pelo governo de SP

Mesmo com a predominância de homens gays e bissexuais, o profissional, que é referência nos estudos sobre HIV, comenta que a doença não deve ser associada somente a essa população.

“Nós já vimos na história como chamar uma doença de ‘peste gay’ pode ser catastrófico, tanto pelo eco negativo ao grupo quanto pela falsa sensação de segurança aos heterossexuais”, acrescenta, referindo-se à epidemia de aids.

Continua após a publicidade

Enquanto não há vacina nem medicamentos para a varíola dos macacos, as medidas que podem ser adotadas são comportamentais e preventivas. Ao notar uma lesão ou constatar febre, gânglios doloridos ou dor de garganta, procure um médico para fazer o teste.

“Não fique vivendo a vida como se nada estivesse acontecendo, pois a curva de casos continua apontando para cima”, conclui Vasconcelos.

+Assine a Vejinha a partir de 9,90. 

Publicado em VEJA São Paulo de 21 de setembro de 2022, edição nº 2807

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 49,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.