Escolas públicas revisam conteúdo logo em ínicio de aulas
Nota baixa em prova faz com que alunos de escolas estaduais tenham revisão de conteúdos básicos nos primeiros dias do ano letivo
Numa escala de zero a 10, os alunos da rede estadual paulista obtêm média 3,3 em matemática e 6 em português. Isso ao final do ensino fundamental, ou seja, depois de oito ou nove anos de estudos. Tais notas referem-se ao Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2005, cujo resultado foi divulgado em dezembro do ano passado. Trata-se de uma prova de leitura e outra de aritmética aplicadas a 2 milhões dos 5,5 milhões de estudantes da rede. Cada escola recebe um relatório com o desempenho de seus alunos. O objetivo é que professores e diretores avaliem a necessidade de mudanças pedagógicas. Diante das notas baixas, a Secretaria Estadual de Educação tomou uma medida radical: nos primeiros 42 dias de aula – que começam nesta segunda (18) – haverá apenas revisão de conteúdos básicos, que todos deveriam dominar, para os estudantes a partir da 5ª série. A ênfase será nas disciplinas de português e matemática. Terminada essa fase de recuperação, quem ainda apresentar dificuldades continuará tendo aulas de reforço, mas sem deixar de acompanhar o restante da turma nas novas lições.
Em algumas escolas da rede pública, a recuperação já é empregada. A partir deste ano, no entanto, professores e alunos receberão material didático específico para auxiliá-los na tarefa de repassar as matérias nas quais tiveram problemas. São livros com exercícios e textos elaborados por uma equipe que, na década de 90, esteve envolvida na reforma dos Parâmetros Curriculares Nacionais. “A recuperação sistemática vai fazer a progressão continuada funcionar”, acredita a secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro. Em São Paulo, os alunos só podem repetir a série ao final do 4º ou do 8º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio – não há reprovação nas séries iniciais ou intermediárias, exceto por faltas.
Outra novidade é que os professores vão receber bônus de até três salários caso as notas de seus alunos melhorem de um ano para o outro. Antes, esse prêmio era atrelado apenas à assiduidade. Algumas mudanças são tão triviais que custa acreditar que ainda não estejam disseminadas nos colégios públicos. Haverá provas bimestrais, boletim informatizado e avaliação do aluno com notas entre zero e 10. “Conheci escolas cuja avaliação variava de Opa! a Eba!”, conta Maria Helena. “Para o ensino público progredir, falta o feijão-com-arroz.”