Quatro escolas paulistanas vão à etapa nacional de conferência ambiental
Projetos de escolas paulistanas participam da VI Conferência Nacional Infantojuvenil, evento que prepara o país para a COP30

“Vamos Transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática.” Com esse tema, a VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente convidou alunos do Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º anos) de todo o Brasil para desenvolverem projetos ambientais em suas comunidades. Após etapas escolares e regionais que vêm acontecendo desde o início do ano — foram mais de 1 000 escolas paulistas inscritas —, o encontro nacional, que acontece de 6 a 10 de outubro em Luziânia (GO) e Brasília (DF), selecionou iniciativas de 23 escolas do estado de São Paulo, sendo quatro da capital.
Todos os projetos foram avaliados com base em critérios como viabilidade, alinhamento com a Agenda 2030 da ONU, conexão com a comunidade escolar e protagonismo infantojuvenil. As ações finalistas abordam temas como racismo ambiental, mobilidade sustentável e reúso de materiais, e serão representadas por um aluno delegado e um educador responsável.
“Como menino de periferia, nunca pensei chegar tão longe”, diz Yuri Monteiro da Silva, 14, estudante da EMEF Marli Ferraz Torres Bonfim, no Jardim Mariane, que vai apresentar o trabalho que realizou coleta de lixo em áreas próximas a um córrego da região, que sofre com enchentes em períodos de chuva. Os alunos também estão desenvolvendo um aplicativo para denunciar pontos de despejo na vizinhança.
Delegada da EMEF Professor Antônio Duarte de Almeida, no Parque Guarani, Joanna Santos da Silva, 14, também vai falar sobre desigualdade climática, mas por outro viés. O projeto desenvolvido com seus colegas tem como um dos focos o plantio de árvores. “A inspiração surgiu olhando ao nosso redor”, aponta ela, em consonância com uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, publicada em 2021, que mostra a maior presença de árvores em bairros com maior renda per capita.

Os outros dois projetos miram propostas como a criação de bicicletários para o incentivo ao transporte limpo e a produção de alimentos com um sistema de aquaponia (que combina a criação de peixes e o cultivo de plantas) criado com garrafas PET. “Todo esse processo traz a esperança de que a educação muda as pessoas e elas transformam o mundo, num trabalho de formiguinha”, conclui Guilherme Gonçalves, professor orientador de Joanna. Através de oficinas e troca de experiências, a conferência busca fortalecer ações formativas de educação ambiental entre jovens.
Publicado em VEJA São Paulo de 03 de outubro de 2025, edição nº 2964