Escola do Auditório suspende aulas e voltará após pandemia, diz gestora do Ibirapuera
Urbia interrompe o pagamento dos 33 professores do espaço, mas afirma que retorno não dependerá de conseguir patrocinadores
A Escola do Auditório do Ibirapuera, voltada à formação musical de jovens de escolas públicas, suspendeu as aulas online que tinha adotado desde o início da pandemia.
A Urbia, empresa que administra o parque desde outubro, vai parar de pagar os 33 professores da instituição. A concessionária, no entanto, promete manter as bolsas-auxílio dos cerca de 140 alunos (de 100 reais por mês) e retomar as atividades assim que a pandemia permitir, mesmo se a Escola não conseguir um patrocinador.
Nos últimos dias, a informação de que as aulas seriam suspensas motivou postagens de artistas como Zélia Duncan, Fabiana Cozza e Mônica Salmaso, que mostravam preocupação com o possível fim do espaço. “A Escola não vai ser fechada, e isso independe de conseguirmos um patrocinador”, diz Samuel Lloyd, diretor da Urbia.
A avaliação da concessionária é que o formato de aulas online não funcionou satisfatoriamente. “Não valia o custo”, diz Lloyd. “Tivemos muitas evasões [antes da pandemia, eram 150 alunos]. Os jovens queriam levar os instrumentos para praticar em casa, mas vários custam mais de 20 000 reais e eles vivem em áreas com alto índice de violência”, afirma o executivo. “Tentamos viabilizar essa possibilidade junto a seguradoras, mas nenhuma aceitou o risco”, conta.
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Fundada em 2005, a Escola do Auditório já teve patrocínio de marcas como Tim e Itaú Cultural. A iniciativa custa por volta de 1,5 milhão por ano. Quando a Urbia venceu a concorrência para gerir o parque, no ano passado, sequer sabia que precisaria manter a Escola — que já se encontrava sem o apoio financeiro de marcas. “Só ouvimos falar dela quando a Prefeitura fez o Plano Diretor do parque”, diz o executivo — o documento só foi criado após a concessão do espaço, graças à pressão de vereadores e conselheiros do Ibirapuera.
A Urbia segue atrás de apoiadores para a Escola, que tem uma proposta de valorizar a música brasileira dentro do repertório clássico — em vez de violinos, usa cavaquinhos, por exemplo. “A ideia é que ela passe a se apresentar em outros lugares, além do Auditório. Queremos fazer algo parecido com a Orquestra de Heliópolis”, conclui Lloyd.
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