Empresas criam horários alternativos de entrada e saída
Medida visa livrar funcionários dos engarrafamentos da hora do rush
A desaceleração dos negócios no setor imobiliário da cidade verificada nos últimos tempos chegou com menos força ao mercado de prédios comerciais. No ano passado, surgiram por aqui mais de 7.000 salas em 46 edifícios, número 25% maior que o de 2010 e recorde desde que a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) começou a fazer esse tipo de levantamento, na década de 80. Em 2012, as torres de escritórios continuam sendo erguidas em ritmo forte. De janeiro a agosto, foram contabilizadas 25 novas construções desse tipo na metrópole. Com os espigões vieram os funcionários e seus carros, provocando o efeito colateral do aumento dos congestionamentos. De acordo com levantamento da MapLink, companhia especializada em monitoramento do trânsito, a lentidão na capital chega hoje a 333 quilômetros entre 7 e 10 da manhã nos dias úteis, quase 40% a mais que a média do ano passado. Áreas comerciais como a Vila Olímpia e o Brooklin fazem parte atualmente das rotas mais complicadas.
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Para tentarem amenizar o sufoco dos seus empregados, algumas empresas localizadas nessas e em outras regiões começaram a pôr em prática políticas de flexibilização da jornada de trabalho. Um exemplo disso é a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, instalada na região da Avenida Luís Carlos Berrini, na Zona Sul. Desde o mês passado, os funcionários podem chegar ao trabalho entre 7h30 e 9 horas. Como o edifício-sede fica ao lado de uma estação da CPTM, muitos estão aproveitando também para deixar o automóvel em casa, como foi o caso de Ricardo Fonseca, superintendente de recursos humanos. “O tempo que eu gastava nos engarrafamentos é aproveitado hoje com minha família”, conta. A Philips segue uma linha parecida. Desde 2009, os profissionais podem negociar com seus chefes e supervisores horários alternativos de entrada e de saída da sede, em Alphaville. Cerca de 85% dos empregados utiliza hoje o benefício para fugir do período do rush. “É uma ferramenta importante para melhorar a qualidade de vida da equipe e, em consequência, a produtividade”, diz Alessandra Ginante, vice-presidente de recursos humanos da Philips. Ela faz parte do grupo que utiliza em seu proveito o programa. Na última quarta (3), optou por começar o expediente às 6 horas. Oito horas depois, com o dia ainda claro, estava saindo de lá para malhar em uma academia nas redondezas.
Empresas como a Serasa Experian e a Procter & Gamble liberam suas equipes para despachar remotamente, muitas vezes dentro das próprias residências. Começam também a se popularizar os programas de incentivo à carona entre os funcionários com o objetivo de descongestionar as ruas e os próprios edifícios comerciais, vários deles hoje com número insuficiente de vagas para atender à demanda. “Esse movimento demorou um pouco para começar e tem ainda muito espaço para crescer”, afirma a consultora em recursos humanos Derlene Santesso, da empresa Conceito 8 Desenvolvimento e Gestão de Pessoas. “É uma tendência irreversível.”
FORA DO MOVIMENTO DE PICO
Companhias instaladas por aqui que adotaram novas rotinas