Em sindicato, Lula diz que vai atender ao mandado de prisão
Ele faz nesse momento um discurso em tom de despedida em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC
Durante a missa em homenagem a Marisa Letícia no carro de som em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso em tom de despedida aos milhares de militantes que o acompanhavam no local. “Querem saber de uma coisa? Vou atender ao mandado de prisão deles”, afirmou, por volta das 12h40. “Mas vou de cabeça levantada.”
A missa estava prevista para começar às 9h30 de sábado (7), mas só teve início às 10h45.
Lula agradeceu aos aliados que dividiam com ele o carro de som, entre eles o ex-prefeito Fernando Haddad e o ex-chanceler Celso Amorim, e encheu de elogios a ex-presidente Dilma Rousseff. “Quero agradecer à companheira Dilma, provavelmente uma das mulheres mais injustiçadas ao tentar fazer política nesse país”, disse ele. “Ela conseguiu fazer quase tudo que eu fiz durante o período em que esteve no governo”, completou.
Ao fazer agradecimentos ao Sindicato dos Metalúrgicos, emocionou-se. “Confesso que vivi meus melhores momentos na política aqui”, afirmou. E passou a contar histórias que viveu no local nos anos em que atuou como sindicalista.
O ex-presidente também voltou a dizer que é inocente. “Estou sendo processado por um apartamento que não pertence a mim”, afirmou. “A PF federal mentiu dizendo que era meu, o Ministério Público mentiu. Pensei que o Moro ia resolver, e ele mentiu dizendo que era meu e me condenou a nove anos de cadeia por isso.” Completou: “Acredito na Justiça, mas numa Justiça justa. Agora, eu não admito um procurador que fez um ‘power point’ e disse que o PT é uma organização criminosa e que o Lula é o chefe”, bradou.
O advogado constitucionalista Adib Abdouni considera que ‘nada impede a ação imediata da Polícia Federal para prender o ex-presidente Lula’. Para Abdouni, “a forma atípica de decreto prisional emitida pelo juiz Sérgio Moro trouxe a Lula um fôlego’.
A prisão de Lula foi decretada por Moro na quinta (5), às 17h50. O juiz abriu a Lula a oportunidade de se apresentar ‘voluntariamente’ à PF em Curitiba, base da Operação Lava Jato, em 24 horas – o prazo esgotou-se às 17h desta sexta (6).
Cerca de uma hora depois da ordem de prisão ser expedida, o petista entrincheirou-se no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo e de lá não mais saiu. Tiveram início negociações entre emissários do ex-presidente e a Polícia Federal. A expectativa é que Lula se entregue neste sábado à PF.
“Decorrido o prazo no dia 6 às 17h, (Lula) demonstra resistência à prisão, bem como revela-se neste quadro o crime de desobediência, que nada impede a ação imediata dos agentes da Polícia Federal em prendê-lo”, crava Abdouni.