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Deslizamento em local irregular na Zona Sul expõe descaso municipal

A avalanche de terra atingiu casas e veículos de moradores; gestão Nunes deixou obra continuar em área proibida mesmo após alerta da Defesa Civil

Por Clayton Freitas
Atualizado em 27 Maio 2024, 22h31 - Publicado em 28 jan 2022, 10h52
Foto mostra uma escavação em um terreno irregular na Zona Sul de SP. Uma escavadeira amarela faz o serviço. Em volta do morro, há casas e árvores.
Loteamento irregular: obras vêm sendo feitas há um ano (Evano Francisco de Araújo/Divulgação)
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Uma séria rusga entre vizinhos criada após o deslizamento de terra de um loteamento irregular erguido em uma área de mananciais na Zona Sul revelou o descaso da prefeitura em relação à fiscalização na região. Ocupado há pouco mais de um ano num quadrilátero do Jardim Herculano, o loteamento começou as obras mesmo sem ter todas as licenças para isso. A confusão teve início quando o responsável pela propriedade foi passar os canos para fazer o esgoto. Essas obras acabaram por ceder parte da área, provocando deslizamento de lama que atingiu veículos e casas, colocando moradores em risco.

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Foto mostra um estacionamento atingido pela lama de um deslizamento.
O estacionamento atingido pela lama. (Evano Francisco de Araújo/Divulgação)

O dono dos imóveis alcançados é o empresário Evano Francisco de Araújo, que afirma morar na região há 35 anos. Ele diz que as obras feitas de forma irregular pelo terreno vizinho atingiram inclusive carros de clientes do seu estacionamento e chegaram a derrubar parte de um muro. “(Durante as chuvas,) veio a lama e desceu com tudo”, conta. Evano acionou a Defesa Civil, que elaborou um relatório a respeito da situação no dia 13 de dezembro de 2021. O documento, ao qual a reportagem teve acesso, traz imagens que comprovam o deslocamento de terra, além de um curso de água por meio de uma tubulação desaguando no terreno do estacionamento e outra parte do muro que ficou de pé correndo o risco de ruir.

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O dono do loteamento que causou o problema é Vandeir de Magalhães, empresário do ramo imobiliário que atua na região. Ele alega que isso só ocorreu porque Evano impediu a passagem de tubulações de esgoto. Vandeir também diz ser dono de parte do terreno onde está o estacionamento, que, a propósito, não tem licença para funcionar. “Ele (Evano) queria comprar (minha parte do) terreno de graça, pagar 100 000 reais e eu pedi 300 000 reais”, diz Vandeir. Enquanto Vandeir afirma que o terreno por onde passou as tubulações é seu, Evano alega ter escritura do local.

ocorrência 490.2021 – Estrada da Baronesa, 774 – Jardim Kagohara
Laudo da defesa civil: loteamento irregular fica em uma Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM). (Defesa Civil/Divulgação)

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No meio da batalha de versões dos dois está o fato de que todo o local é Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM) e, portanto, está irregular. Segundo a subprefeitura de M’Boi Mirim, serão tomadas “medidas cabíveis”(lacrar a obra está previsto em casos assim) no âmbito da Operação Integrada de Defesa das Águas. A resposta, porém, só veio depois do questionamento da reportagem, já que as obras vêm sendo feitas há um ano, sem interrupção.

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Publicado em VEJA São Paulo de 2 de fevereiro de 2022, edição nº 2774

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