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Os últimos da espécie: desentupidor taquareiro

José da Silva Filho não consegue abandonar a profissão mesmo após a queda na demanda pelo trabalho

Por Felipe Zylbersztajn
Atualizado em 5 dez 2016, 16h39 - Publicado em 8 nov 2012, 20h38

Quem passa com pressa pela Rua Riachuelo é capaz de não notar os três rolos de taquara (um tipo de bambu) de diversos comprimentos acorrentados a um cano de ferro na altura do número 85. O material pertence a José da Silva Filho, de 67 anos, um dos últimos representantes dos desentupidores taquareiros, como são chamados os profissionais especializados em desobstruir canos e tubulações domésticas com rolos de bambu de tiras amarradas que alcançam 30 metros. “Aqui é um ponto que o pessoal antigo conhece, sabe? Este lugar inteiro ficava tomado de taquareiros. Eram mais ou menos uns sessenta só neste paredão. São Paulo toda vinha nos buscar para fazer o serviço nas casas”, conta José.

Ele chegou a São Paulo em 1960 num pau de arara, vindo de Pernambuco. Conheceu o ofício por meio de um tio e se entusiasmou com a procura pelo serviço. “O que você cobrasse o pessoal pagava, pois não havia outro jeito de desentupir. A gente não dava conta de tanto trabalho”, lembra. A chegada de inovações como as máquinas elétricas mudou todo o cenário. “Ficou ruim de uns vinte anos para cá”, afirma. Assim, não houve renovação de taquareiros na praça. “Uns morreram, outros se aposentaram”, diz José, que cobra R$ 100,00 por um serviço de desentupimento, mas aceita negociar o valor. Neste ano, surgiram apenas uns quinze interessados. “Não dá mais para viver disso. Continuo vindo mais por força do hábito. É como se fosse um lazer”, explica. “Não me acostumo a ficar em casa. Bato uns papos e quando dá 6 e pouco eu vou embora daqui.”

Desentupidor taquareiro. Rua Riachuelo, 85, centro

+ Os últimos da espécie: profissionais que se dedicam a funções praticamente extintas

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