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Conheça o laboratório da USP que estuda vírus letais

Saiba quais são os cuidados com a segurança neste ambiente perigoso

Por Filipe Vilicic
Atualizado em 5 dez 2016, 19h23 - Publicado em 18 set 2009, 20h34
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    O ambiente parece tirado de um filme de ficção científica. No laboratório Klaus Eberhard Stewien, no 2º andar do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), os pesquisadores usam roupas especiais, o freezer marca 80 graus negativos e, quando a porta é aberta, ouve-se um barulho agudo do ar de fora entrando na sala. Toda essa estrutura é preparada para receber vírus letais. Entre as 3 700 amostras armazenadas podem estar as da síndrome respiratória aguda grave (sars) e as do hantavírus (transmitido por roedores silvestres). “Minha família fica receosa de eu trabalhar aqui”, afirma o bioquímico Fábio Maués, um dos cinco pesquisadores do local. Para não infectar os cientistas, a segurança é rígida. Todo o esgoto é tratado ali mesmo; a pressão atmosférica do lado de dentro é bem menor que a do lado de fora para impedir que o ar escape; e, antes de deixar o laboratório, qualquer material é aquecido a 120 graus por cerca de uma hora. “Nada sai vivo, só o pesquisador”, brinca Maués.

    Para entrar, trabalhar e abandonar o laboratório – que leva o nome de um pesquisador alemão naturalizado brasileiro, pioneiro no estudo de vírus na cidade –, os cientistas devem cumprir rituais minuciosos (veja o quadro). Eles atuam sempre em grupos, e um observador acompanha todos os procedimentos do lado de fora da sala, separado por um vidro. Além disso, a jornada jamais ultrapassa quatro horas, para que não percam a concentração. Também são instruídos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a nunca revelar quais vírus conservam no local. “Imagine se um sujeito lê essa informação e decide nos roubar”, diz o virologista Paolo Zanotto, que adquiriu experiência em laboratórios nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Holanda. Ganha 8.000 reais por mês para lidar com vírus mortíferos.

    Inaugurada no fim de 2003, a instalação de 60 metros quadrados custou 1,5 milhão de reais à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foi o primeiro laboratório de nível biológico 3 do Brasil (essa classificação vai até o nível 5). “Antes da construção do Klaus Eberhard Stewien, muitos vírus encontrados aqui eram analisados por equipes estrangeiras”, lembra Zanotto. De acordo com a Secretaria da Saúde do estado, atualmente existem outros dois laboratórios do mesmo gênero na cidade – nos institutos Adolfo Lutz, que lida com tuberculose, e Pasteur, focado no vírus da raiva.

    Confira as regras para circular pelo laboratório Klaus Eberhard Stewien

    ENTRADA

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    • Só pesquisadores treinados em biossegurança e na utilização do laboratório podem entrar

    • Eles passam inicialmente por uma câmara que adapta a pressão atmosférica interna, sempre inferior à externa

    • Em outra sala, deixam itens pessoais, como celular, despem-se e vestem um traje apropriado – short, macacão, botas, duas luvas de borracha e máscara. Dependendo do que vão manipular, ainda se cobrem com um capuz e utilizam escafandro para filtrar o ar que respiram. Estão prontos para o serviço

    SAÍDA

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    • Na hora de ir embora, os pesquisadores passam por uma câmara, onde tiram o traje e o colocam em um saco. O último a sair leva as roupas para serem lavadas e aquecidas a 120 graus Celsius em um autoclave

    • Em outro espaço, tomam um banho de cerca de um minuto e meio. Lavam-se com 20 litros de água com cloro e em seguida com 30 de água destilada

    • O pesquisador veste-se com suas roupas e pega os objetos pessoais. Já pode deixar o laboratório por uma câmara adjacente

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