Colégio Renascença, fundado por judeus refugiados, comemora 100 anos
Série de eventos acontecem em homenagem ao centenário do colégio judaico que acolheu imigrantes durante a Segunda Guerra Mundial
Fundado há 100 anos, o Colégio Renascença prepara uma série de celebrações para o centenário da instituição judaica instalada em São Paulo em 1922. “Com a fuga de europeus perseguidos por serem judeus, o Brasil acolheu a comunidade como poucos países e essa vinda ganhou força no Bom Retiro”, resume a diretora da área judaica Marli Ben Moshe.
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Com cerca de trinta alunos na abertura, a II Guerra trouxe uma nova onda de imigrantes, que buscavam o modelo de ensino tradicional do judaísmo conforme chegavam à capital. “A escola era o centro da vida, inclusive entre os não judeus que se identificavam e conviviam conosco.”
Assim que as famílias passaram a ocupar o bairro de Higienópolis, o colégio seguiu o fluxo “migratório” na cidade e inaugurou uma unidade na Rua Bahia, nos anos 1960. Desde 2018, mantém apenas o endereço da atual sede, na Barra Funda, onde professores e estudantes deram início às comemorações no começo de abril com a apresentação de um flash mob, a celebração do Shabat e até uma oficina de circo.
O calendário festivo continua até o fim do ano letivo: em junho, o local inaugura a Rua Professor Walter Lerner, na antiga Rua Inhaúma, em homenagem ao educador que permaneceu à frente da direção por trinta anos e foi responsável pelas mudanças curriculares, incluindo o aumento de aulas sobre cultura judaica e língua hebraica.
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No mesmo mês, os docentes organizam uma festa com barracas e brincadeiras (nos moldes de uma festa junina) e recebem o show de improviso do comediante e ex-aluno Marcio Ballas. E a cerimônia oficial do centenário acontece no dia 9 de agosto com apresentações de dança e a inauguração de um painel que traça uma linha do tempo no foyer do Teatro Moise Safra, no próprio colégio.
A data também marca o lançamento do livro dedicado aos 100 anos de ensino, com memórias de pessoas que passaram pela instituição — a lista de ex-alunos, inclusive, tem vários nomes conhecidos, entre eles a ativista Luisa Mell, o jornalista Caio Blinder e o atual secretário de saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn. “Hoje nosso currículo é mais baseado em discussões e resoluções de problemas, com olhar voltado para a diversidade e o inglês como carro-chefe”, explica o diretor-geral, João Carlos Martins, primeiro não judeu a ocupar o cargo. “A escola agora é totalmente diferente de 100 anos atrás porque conversa com seu tempo.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de abril de 2022, edição nº 2786