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Charles Möeller e Claudio Botelho: cinco espetáculos na cidade

Consagrada no Rio, a dupla de diretores testa seu poder de fogo com musicais por aqui

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Filas dando voltas no quarteirão, cinco a sete sessões semanais e quase 400 000 espectadores. Tudo isso com cinco espetáculos que empregam mais de 500 pessoas. Essa admirável façanha teatral foi alcançada pelos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho em 2008, no Rio de Janeiro. Há treze anos, a dupla desenvolve uma bem-sucedida produção de musicais na capital fluminense. Desde o início do mês, uma “coincidência”, como eles preferem dizer, transformou-se em seu mais recente desafio: conquistar de vez os paulistanos. Com a estreia de A Noviça Rebelde no Teatro Alfa na sexta (20), Möeller e Botelho oficializam a intenção de de–marcar terreno em São Paulo depois de curtos e inconstantes flertes com a cidade, como Ópera do Malandro (2004) e Sweet Charity (2006).

A trama da jovem (papel de Kiara Sasso) que vira governanta da casa de um viúvo (Saulo Vasconcelos) junta-se a duas outras montagens. Coletânea de marchinhas, Sassaricando desperta há duas semanas o espírito folião daqueles que vão ao Teatro Procópio Ferreira. Exemplo do toque de Midas, Beatles num Céu de Diamantes estreou em janeiro de 2008 no Rio para menos de 200 espectadores e saltou para uma sala capaz de acomodar 400. Agora, avalizada por 100 000 cariocas, a dramatização das canções dos quatro garotos de Liverpool enfrenta as 700 poltronas do Teatro das Artes, no Shopping Eldorado. Depois de várias tentativas, a premiada fábula 7 – O Musical chega ao Teatro Sérgio Cardoso em 17 de abril para brincar com os contos de fadas. “Esse é o espetáculo que menos nos rende dinheiro, mas o meu preferido”, afirma o mineiro Claudio Botelho, de 44 anos. O pacote se encerra em maio com Gloriosa, comédia sobre uma cantora completamente desafinada vivida por Marília Pêra.

Diversos em seus estilos e gêneros, os musicais de Möeller e Botelho caíram no gosto de plateias variadas. “As pessoas vão atrás dos nossos espetáculos independentemente do que a gente faça”, diz o santista Möeller, 41 anos. Organizados, eles começam a pensar cada projeto três anos antes de seu lançamento. Quando se iniciam os ensaios, que duram sete horas diárias por cerca de oito semanas, cada um sabe o que quer. “Eles otimizam o trabalho o tempo inteiro e nenhum ator fica parado na coxia sem ter o que fazer”, conta Saulo Vasconcelos, conhecido como o protagonista de O Fantasma da Ópera e intérprete do capitão Georg von Trapp em A Noviça Rebelde. Para tal disciplina, as tarefas são bem divididas. Botelho trabalha com a parte cantada, cuida das partituras e das letras. Também se ocupa dos números de produção, conhece o salário da equipe e o preço dos ingressos. “O Charles mal sabe a hora do espetáculo”, alfineta, brincalhão, o parceiro. “Mas é ele quem cuida da parte estética e visual, desenvolve os personagens e trabalha diretamente com os atores.”

Famosa por sua exigência, Marília Pêra diz que encontrou nos bastidores de Gloriosa uma combinação rara de talento e carinho. “Já sabia da competência deles, mas o que mais me surpreendeu foram a gentileza e o desejo de harmonia que procuram estabelecer o tempo inteiro entre a equipe”, afirma. Para a dupla, essa política da delicadeza é fundamental. “Como ator, eu sofri muito com diretores carrascos que procuram humilhar e despersonalizar”, revela Möeller. “Quando se lida com musicais, tudo é muito gigante e corre-se o risco de a máquina esmagar o humano. Fugimos o tempo todo disso.” A expectativa é que as temporadas em São Paulo se estendam, pelo menos, até o fim do ano, mas outros passos são desenhados. Beatles num Céu de Diamantes tem uma turnê pela França agendada para o segundo semestre e A Noviça Rebelde deve correr a América Latina na sequência. “Sempre viajamos com o espetáculo exatamente como o criamos”, diz Botelho. “Isso exige uma estrutura que só formamos agora.”

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