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Quartos infantis ganham destaque na CASACOR com histórias inspiradoras

Projetos da Artek Design e do Studio Marca têm inspiração pessoal e atenção especial à próxima geração de cidadãos

Por Mattheus Goto
Atualizado em 4 jun 2024, 11h51 - Publicado em 31 Maio 2024, 09h00
Espaço de Kesley Santiago com cama para a mãe
Espaço de Kesley Santiago com cama para a mãe (Bia Nauiack/Divulgação)
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Com o tema De Presente, o Agora, a CASACOR 2024 propõe uma reflexão sobre o morar pela perspectiva da ancestralidade e do legado para a próxima geração. Setenta projetos arquitetônicos ocupam o 1º e o 2º pisos do Conjunto Nacional com ideias sustentáveis e tecnológicas.

Dois deles se destacam por pensar diretamente nas pessoas que vão ajudar a construir o futuro: as crianças. Após quatro anos sem apresentar ambientes infantis, o maior evento de arquitetura de interiores das Américas retorna com espaços de Kesley Santiago, da Artek Design, e de Camila Vazquez e André Spadoni, do Studio Marca, ambos escritórios estreantes.

No ambiente de 25 metros quadrados projetado por Kesley, mãe de Emmelie, de 1 ano e 5 meses, a inspiração veio da realeza africana. Tudo começou quando a arquiteta realizou um teste de DNA nos Estados Unidos, em 2020, e descobriu ser descendente do povo Mbundu, de Angola.

“Facilita ficar perto do bebê e poder descansar”, diz Kesley Santiago
“Facilita ficar perto do bebê e poder descansar”, diz Kesley Santiago (Luiz Franco/Divulgação)

“Quando me convidaram para a CASACOR, percebi que a coisa mais coerente seria contar a história dos meus ancestrais”, afirma. Após quarenta dias de pesquisa, ela pautou o espaço em torno de uma figura essencial para a história africana, a rainha Njinga, que liderou a resistência contra o colonialismo português no século XVII. “Queria sair do lugar-comum quando se pensa em África”, diz.

A cor bordô, no berço de ferro e no papel de parede, é um dos elementos que refletem a proposta. “Quando uma criança nasce, esse tom significa proteção e saúde”, explica Kesley. A escolha do berço de ferro também não foi à toa. “O material é usado em ferramentas e armamentos, está atrelado ao rei e a Deus”, comenta.

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Há ainda referências diretas aos Mbundus, como as contas — utilizadas como acessórios de beleza pelo grupo étnico — nas grades do berço e a fauna e flora no papel de parede, mobiliário e decoração. “Olho para o que meus ancestrais pavimentaram e isso me dá força e faz pensar sobre o que quero deixar para minha filha.”

Quarto do Studio Marca: pensado para criança maior, com foco na educação infantil
Quarto do Studio Marca: pensado para criança maior, com foco na educação infantil (MCA Estudio/Divulgação)
André e Camila, do Studio Marca, são pais da Gabi
André e Camila, do Studio Marca, são pais da Gabi (Amanda Bibiano/Divulgação)

O ambiente de 40 metros quadrados do Studio Marca voltou-se para a criação do cidadão do futuro por meio de diferentes metodologias de ensino, como Montessori, Waldorf e Reggio Emilia. “Fizemos um estudo e setorizamos os espaços em áreas para cada atividade, como dormir, brincar, estudar e se arrumar”, conta Camila, que também tem uma filha de 1 ano e 5 meses com André, a Gabi.

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O motivo para essa separação é a intenção de estimular a autonomia e o foco. “A ideia era não ter telas, para evitar gerar vício e ansiedade. Criamos nossa filha assim”, diz. “O projeto do quarto tem total impacto no crescimento e desenvolvimento da criança. É essencial para ela sentir que pode ser quem quiser e decisivo para seu futuro.”

A CASACOR segue em cartaz até 28 de julho.

Olhar atento

Amanda Chatah: criadora da Muskinha
Amanda Chatah: criadora da Muskinha (Amanda Bibiano/Divulgação)

A preocupação com a formação dos pequenos está nos mínimos detalhes. Ambos os escritórios fecharam parceria com a Muskinha, de Amanda Chatah, que também faz sua estreia na CASACOR neste ano. A designer de moda de 45 anos decidiu fundar a marca em 2016, após ser demitida do trabalho e passar por uma experiência traumática: sua filha do meio, Olívia, caiu de cabeça do berço, aos 8 meses de idade.

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“Quando a levei ao pediatra, soube que muitas crianças caem. Estudei o método Montessori e comecei a aplicar”, conta. A premissa é desenhar um mobiliário na altura dos olhos da criança e ao alcance de suas mãos. “Foi um sucesso. Meu marido, que é engenheiro civil, ajudou e começamos a vender para amigos. Descobrimos um nicho.” Hoje, a marca tem uma fábrica de 1 500 metros quadrados, 50 funcionários e loja física na Vila Mariana. Para Amanda, o segredo do sucesso foi a experiência pessoal.

“Sou uma mãe que vende para outras mães. Meus filhos são minhas cobaias”, brinca. A designer está estudando arquitetura de interiores e acredita que falar de design infantil é falar de todo o projeto, não só do quarto. “As crianças ocupam a casa inteira.” Peças presentes nos espaços foram lançadas como coleções da marca e estão à venda.

Publicado em VEJA São Paulo de 31 de maio de 2024, edição nº 2895

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