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Botão do elevador no piso e campainha por voz são adequação pós-pandemia

Casa Quarentener: o arquiteto Manolo Vilches sugere novas concepções para os ambientes, como porta automática e corredor com ventilação natural

Por Manolo Vilches
Atualizado em 19 jun 2020, 09h10 - Publicado em 19 jun 2020, 06h00
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  • Assim que a pandemia de Covid-19 atingiu o Brasil, no início de 2020, muitos hábitos da rotina doméstica foram afetados. A necessidade de impedir o vírus de entrar nas residências e nos ambientes comerciais foi além das medidas básicas com uso dos equipamentos individuais de proteção (máscaras, viseiras transparentes, gorros etc.) e avançou para medidas de higienização que puseram em xeque a arquitetura contemporânea.

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    Nas casas brasileiras do passado, e até mesmo nos edifícios residenciais da primeira década do século XX, adotava-se o padrão europeu de distribuição espacial, que incluía nas plantas arquitetônicas um hall, ou vestíbulo de entrada interno, a partir do qual se distribuíam os ambientes. Refletia-se a preocupação europeia de deixar estanques os ambientes para mantê-los climatizados, principalmente aquecidos nos meses de frio. O espaço de recepção, em geral, possuía um armário para casacos, chapéus e até mesmo galochas. Com o tempo, viu-se que essa preocupação climática não tinha muito sentido num país tropical, com temperaturas amenas na maioria dos meses do ano. Também por uma questão econômica, tendo em vista reduzir a metragem quadrada das unidades, as casas e apartamentos contemporâneos perderam o vestíbulo de entrada e, por motivos similares, a entrada de serviço, que conduzia geralmente à cozinha ou à lavanderia, o que facilitava a entrada com compras e/ou animais.

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    Fato é que, na atual situação de medidas extremas de higienização, muitas pessoas vêm sentindo falta de um ambiente de entrada em sua residência. Local para deixar sapatos, casacos, máscaras e objetos a higienizar. Não ter um lavabo próximo ou uma simples pia com água e sabão também tem gerado questionamentos sobre como a arquitetura poderia facilitar o isolamento das unidades no combate à contaminação por vírus e bactérias.

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    Adiciona-se à discussão o fato de que, na contemporânea arquitetura de casas e edifícios, os elementos de circulação (corredores, escadas e elevadores) também perderam a ventilação natural, o que gerou espaços que, embora atendam a normas de segurança contra incêndio, não apresentam arejamento adequado à dispersão de partículas contaminantes.

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    Dessa forma, muitos arquitetos, engenheiros e profissionais de empresas de tecnologia vêm trabalhando em possíveis soluções que ajudem na prevenção de doenças a partir de inovações em projetos residenciais e comerciais.

    Algumas sugestões para novas concepções em edifícios residenciais:

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    > Elevadores panorâmicos com vedação permeável tanto do exterior como do interior, com portas automatizadas aramadas e fachada em venezianas transparentes (remetendo aos antigos elevadores pantográficos). Além disso, os novos elevadores podem ser acionados por botões de piso ou por meio de comando de voz, sem contato manual com botões. Filtros de ar e lâmpadas UV (ultravioleta) podem ajudar na higienização das cabines revestidas de cobre escurecido e acabamentos em látex, materiais que retêm vírus por menos de quatro horas;

    > Corredores de distribuição com ventilação natural, cruzada, equipados com pias para higienização com água e sabão além de dispensers com álcool em gel. Os revestimentos das superfícies incluem concreto polido e cerâmica com cobertura em látex. As paredes são pintadas com tinta resinada bactericida;

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    > Portas de acesso às unidades automatizadas, controladas por chave, voz, sensor de aproximação ou leitura biométrica sem contato (linhas da mão, contorno facial ou da íris);

    > Vestíbulo de recepção com ventilação natural e filtragem de ar automatizada; equipado com pias higienizadoras, aparelhos com lâmpadas UV para desinfecção de objetos pessoais (celulares, chaves, carteiras, dinheiro, moedas etc.) e armários para casacos e sapatos;

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    > Antecâmara de acesso social com porta de correr automatizada e abertura não simultânea, garantindo aos ambientes atmosfera purificada por aparelho automático

    >Lavabo/WC completo, permitindo higienização total de moradores e visitantes;

    > Lugar de recepção de serviço no qual são deixadas sacolas, compras e até mesmo pets para que recebam higienização em local anexo equipado com tanque e dispensers de sabão e álcool e contando com ventilação natural e mecânica. Esse mesmo ambiente se comunica com a área de serviço e garante o isolamento total das atmosferas.

    (Imagem, projeto e render de Manolo Vilches/Divulgação)

    O piso de todos esses ambientes segue a linha dos materiais usados no corredor, com cerâmica resinada de fácil limpeza e mínima retenção de pó e ácaros. Lâmpadas de UV próximas ao piso fazem a higienização de tempos em tempos. Há o aparecimento no mercado de aparelhos higienizadores portáteis para os objetos pessoais, como é o caso da luminária ultravioleta desenvolvida pelo estúdio chinês Frank Chou e das lâmpadas com UV germicida da Technolamp.

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    Esses novos espaços incorporados às plantas em projeto apontam para um melhor dimensionamento dos apartamentos que têm beirado os limites mínimos de habitabilidade, com lançamentos de unidades de pouco mais de 12 metros quadrados úteis em grandes cidades como São Paulo. O home office e o estudo domiciliar são uma herança da pandemia que, com certeza, vieram para ficar e exigirão nova distribuição espacial em casas e apartamentos, opondo-se ao recente conceito de coworking, coliving, cotraining, nos quais os edifícios apresentavam grande variedade de espaços de integração social colaborativa.

    (Imagem, projeto e render de Manolo Vilches/Divulgação)

    Até evidências futuras do fim da pandemia, e na cautela com novas situações desse tipo, muitas novidades surgirão tanto na configuração das habitações como nas opções de circulação e distribuição de ambientes.

    (Arquivo Pessoal/Divulgação)

    Manolo Vilches é arquiteto, urbanista e matemático formado pela Universidade de São Paulo e mestre e doutor em educação pela PUC-SP.

    Publicado em VEJA SÃO PAULO de 24 de junho de 2020, edição nº 2692.

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