Um ano e meio após entrar no volume morto, o Sistema Cantareira voltou nesta quarta (30) a operar no azul. O nível subiu de 22,4% para 22,6%, percentual que corresponde à quantidade de água do sistema em relação à capacidade total de armazenamento, incluindo as duas cotas do volume morto.
Há mais de dois meses sem sofrer queda, o manancial estava ontem (29) a 0,3 ponto porcentual de recuperar o último litro de suas reservas, segundo relatório divulgado pela Sabesp.
+ Preços das tarifas de transporte público subirão em São Paulo
“Houve chuva fraca e moderada em diferentes momentos do dia. Como o solo já está bastante encharcado, possivelmente o Cantareira deve sair (do volume morto) amanhã (hoje)”, afirmou o meteorologista Marcelo Pinheiro, da Climatempo.
As chuvas acima da média dos últimos meses, o racionamento e a redução do consumo ajudaram na recuperação do manancial, mas as incertezas sobre o comportamento climático e o atraso nas obras para ampliar o estoque da Grande São Paulo devem fazer com que a população sofra cortes no abastecimento pelo terceiro ano consecutivo.
É como se o Cantareira tivesse deixado a UTI, mas continuasse internado sob forte restrição médica, no caso, uma exploração (até 18 mil litros por segundo) limitada à metade da capacidade de produção (36 mil l/s). Embora o sistema inicie 2016 em uma situação melhor do que a de 2015, quando o nível estava 21% abaixo de zero, a quantidade de água armazenada nas represas ainda é 44% menor do que no início da crise hídrica, em janeiro de 2014.
As projeções, contudo, são mais otimistas agora porque, depois de registrar o ano mais seco da história, o Cantareira encerra o último mês de 2015 com uma entrada de água (52 mil l/s) igual à média histórica de dezembro, o que não acontecia desde julho de 2012. Só em novembro e dezembro, meses em que choveu 15% acima do esperado, o Cantareira somou 130 bilhões de litros, mais da metade dos 220 bilhões de saldo acumulado no ano.
Ao longo de 2015, o Cantareira recebeu o dobro do volume de água de 2014. Entraram cerca de 711 bilhões de litros nos reservatórios, o equivalente a 70% da capacidade do sistema, enquanto que no primeiro ano da crise hídrica foram 357 bilhões. Mas só a chuva seria insuficiente para garantir a recuperação parcial do sistema.