Bolsas de moletom viram mania entre paulistanas
Confeccionados com o tecido típico de agasalhos, os acessórios dominam vitrines de lojas descoladas
Estima-se que a ex-spice girl Victoria Beckham, hoje referência de estilo de muitas moças, tenha no closet nada menos que 100 bolsas Birkin, ícone da grife Hermès. Algumas, aliás, com diamantes incrustados. Considerando- se que a mais simples chega a custar 9 000 dólares nos Estados Unidos (15 000 reais, aproximadamente), a coleção pode ser avaliada em mais de 1 mi lhão de dólares. Entre as paulistanas, não é difícil encontrar apaixonadas por moda que carregam nos bracinhos a sua it-bag — é assim que as fashionistas costumam se referir às chiquérrimas sacolas —, ainda que em proporções mais modestas que a da coleção de Victoria. Ou, em alguns casos, acessórios semelhantes. Algumas dessas versões similares, que se multiplicam em vitrines de São Paulo, são confeccionadas com moletom, tecido usado majoritariamente em agasalhos.
A febre, na verdade, é um desdobramento de outra modinha da cidade: a das lojas de fast-fashion. O termo refere- se a marcas que seguem tendências criadas por grandes grifes internacionais mas fabricam seus produtos com matéria-prima de menor qualidade — e preços muito mais baixos.
Como, em geral, o design é de encher os olhos, as peças caíram no gosto das clientes. As bolsas são mais despojadas e despretensiosas. Podem ter estampas como a de oncinha, fugindo do rótulo de meras cópias. “Moletom, além de descontraído, oferece inúmeras possibilidades de cor”, explica Luciana Campos, estilista da Pop Up Store, na Oscar Freire. Algumas quadras adiante, na mesma rua, funciona a marca 284, fruto de uma sociedade entre os herdeiros da Daslu (Dinho, Luciana e Marcella Tranchesi) com a amiga de infância Helena Bordon. O quarteto apostou numa linha de roupas e acessórios que levam a etiqueta I’m Not the Original (Eu Não Sou o Original). O grande hit da coleção, adivinhe, é exatamente o modelo Birkin, que desaparece das prateleiras assim que reposto.
Já rola, aliás, lista de espera por alguns itens. O sucesso espantou Fabiana Justus, uma das sócias da Pop Up Store. “Nosso pedido inicial, de quase 200 peças, se esgotou ainda na festa de lançamento”, conta. Como para a maioria das mulheres bolsa nunca é demais — seja do tecido mais nobre ou do mais simplesinho —, sempre dá para arranjar mais um espacinho no armário.
“Quem tem os modelos originais também quer os de moletom. São peças mais divertidas para poder variar”, brinca a publicitária Ana Carolina Reis. Ela e sua amiga, a empresária de internet Bruna Ribeiro, encaixam-se nesse perfil. Ao chegar para a sessão da foto que ilustra esta reportagem, Ana carregava uma Balenciaga de couro. Trazia, numa mala da grife Goyard, duas opções em moletom. As duas classificam os acessórios do momento como uma “brincadeira bacana”, pois, já que não são do mesmo material das originais, não estão enganando ninguém. “Sem essas versões cheias de bossa, teria de economizar um tempo para comprar o modelo original”, diz Bruna. E olha que não estamos falando exatamente de uma pechincha: as bolsas de moletom com detalhes metálicos podem custar entre 350 e 450 reais.
Apesar da aparência frágil, têm estrutura reforçada e detalhes finalizados a mão. Porém, o conselho é que, quando estiver com uma aparência sujinha, a peça seja lavada a seco. As tais similares ainda prometem aparecer em outras coleções, com roupagens e tecidos diferentes. Mas corra: assim como todas as tendências, quando todas tiverem seu exemplar em mãos, vai perder a graça. “Bolsa, para mim, é um investimento”, diz Bruna. Não, ela não se refere ao mercado de ações.