Belarmino Iglesias: ‘Consegui trabalho horas depois de desembarcar do bonde’
O empresário relembra sua chegada a São Paulo
Belarmino Iglesias, empresário
Chegou em: 1951
Natural de: Lugo (Espanha)
“Depois dos estragos da Guerra Civil Espanhola e da II Guerra, decidi sair do meu país. Trouxe comigo a juventude de meus 20 anos e apenas 1 dólar no bolso, que ganhei como talismã de uma amiga. De cara, a generosidade dos paulistanos me impressionou. Pessoas que nem me conheciam me deram provas de confiança. Consegui trabalho como pedreiro horas depois de desembarcar do bonde na estação Parque São Jorge, quando vi o anúncio para uma vaga. Sem eu ter passado por Polícia Federal nem consulado, o mestre de obras me contratou e me indicou uma pensão, no Brás. Mas fiquei só seis meses nesse emprego. Num domingo em que passeava pelo centro da cidade, vi que um bar precisava de copeiro. Entre os clientes do lugar estava a família Ferrari, que ia abrir a churrascaria A Cabana. Pedi uma oportunidade, mas não consegui por não entender nada de carne. Então, comecei a frequentar churrascarias para conhecer o assunto. Até então, não sabia nem o que era contrafilé. Tamanho empenho me rendeu a vaga. Trabalhei como garçom, maître e gerente. Depois, mais precisamente em 1957, fui convidado a ser sócio de um novo restaurante do grupo, que se chamaria Rubaiyat. Ficava na Avenida Vieira de Carvalho, no centro. Hoje, minha família é dona desse nome. Vir para cá foi a melhor decisão da minha vida.”