Barcelona conquista legião de torcedores na capital
Clube de Lionel Messi, novo ídolo da garotada, conta até com fã-clube
Na pelada, nada de Lucas, Liedson, Neymar. Os meninos querem ser Messi. Eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa em 2009, 2010 e 2011, o argentino obteve uma façanha improvável: tornou-se ídolo no Brasil. Sua atuação ao lado de Xavi, Iniesta e outras estrelas alçou o Barcelona ao posto de time do coração de muitos pequenos e marmanjos. Em São Paulo, eles formam uma “peyna” — a palavra catalã para fã-clube — cada vez mais numerosa. Integra o grupo gente como o estudante Mateus Pessoa, de 9 anos. Apesar da pouca idade, ele fala sobre o assunto com pose de veterano da crítica esportiva. “Vejo todos os jogos na TV e colecionei o álbum da Liga dos Campeões”, conta. Entre seus colegas do Colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, Zona Sul, a camisa azul e grená é um segundo uniforme.
A empresária Cleice Almeida Netto, mãe de Matheus, de 11 anos, já se acostumou à febre. “Ele também é palmeirense, mas agora só quer saber dos craques de fora.” O interesse fez o esquadrão se tornar matéria na escola: o esquema do técnico Josep Guardiola é esmiuçado nas aulas de educação física. “Os alunos querem saber como o time permanece tanto tempo com a posse de bola”, explica o professor Cleber Pereira da Silva.
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Nas ruas, passou a ser comum encontrar pessoas com o tradicional uniforme listrado. A venda de camisas oficiais no Brasil aumentou 60% no último semestre em relação ao mesmo período de 2010, segundo a Nike, fornecedora do material esportivo. Na linha casual — jaquetas, camisas polo, bonés e outros artigos —, o incremento foi de 50% na mesma época. A tendência alavancou os números do Ibope nas transmissões de partidas. Nos dois confrontos de quartas de final entre Milan e Barcelona, exibidos ao vivo recentemente pela Rede Globo, a audiência aumentou 3 pontos em relação à média do horário — cada ponto equivale a 185.000 pessoas na Grande São Paulo. Vários bares da capital, como o pub O’Malley’s, instalam telões para quem deseja acompanhar os espetáculos.
Os torcedores mais antigos comemoram o surgimento de uma nova geração de adeptos. Presidente da Penya Barcelonista de São Paulo — a única torcida do país com reconhecimento oficial —, o empresário catalão Ferran Royo conta que a procura pelo fã-clube cresceu cerca de 50% no último ano. Atualmente, há 350 filiados. Um deles é o engenheiro de tecnologia da informação Milton Nucci.
Apaixonado desde a época em que Romário fazia gols no Camp Nou, entre 1993 e 1995, ele nunca quis saber de outro clube — nem mesmo dos brasileiros. “Meus amigos brincam que eu só me visto com as cores do time”, comenta. Outro integrante do grupo, o funcionário público Marco Antonio Granieri sincronizou as duas últimas férias na Europa com a temporada de jogos. “A TV não mostra a dimensão do espetáculo”, diz ele. O público formado por gente interessada em conferir de perto as atuações levou algumas agências de turismo a preparar pacotes especiais. A Fanato, uma das empresas do setor, registrou um aumento de 30% ao ano nas vendas desde 2009, quando começou a oferecer programas que incluem partidas do Barcelona. E não são apenas as finais que movimentam o calendário. “Os confrontos com o rival Real Madrid costumam esquentar a procura”, afirma Raphael. Santana, diretor de marketing da Fanato.
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É o caso do clássico marcado para este sábado (21): o pacote básico de sete dias saía por 3.700 euros (quase 9.000 reais). O pacote para a final da Liga dos Campeões, no dia 19 de maio, em Munique, na Alemanha — cujo ingresso muitos barcelonistas já compraram com a certeza de que o time estará na decisão —, custa em média 7.000 euros (cerca de 17.000 reais), por uma semana.
O FENÔMENO CATALÃO
Audiência
A transmissão dos jogos ajudou a aumentar o número de espectadores da Rede Globo: nos dois últimos embates entre Milan e Barcelona transmitidos pela emissora (nos dias 28 de março e 3 de abril), foram registrados 14 e 13 pontos, respectivamente. A média do horário costuma ficar na casa dos 11 pontos (cada ponto equivale a 185.000 indivíduos na Grande São Paulo).
TorcidaFundada em 2004, a Penya Barcelonista de São Paulo foi a primeira torcida brasileira reconhecida oficialmente pelo clube catalão. Atualmente, há cerca de 350 sócios cadastrados.
Camisa
Houve um crescimento de 60% nas vendas de camisas oficiais do time no fim do ano passado em relação a 2010, de acordo com a Nike. A comercialização da linha casual (jaquetas, camisas polo, bonés e outros) aumentou 50%.
ViagensO número de torcedores que procuraram a agência especializada Fanato para assistir às partidas do Barcelona subiu 30% em relação ao ano passado. Nos clássicos entre Barcelona e Real Madrid, a procura é 25% maior quando os confrontos são realizados no Camp Nou.
ONDE ASSISTIR AOS JOGOS NA CAPITAL
– Casa do Espeto – Vila Madalena