Avenida Paulista completa 126 anos
Espaços culturais, comerciais e de lazer inaugurados nos últimos tempos estão ajudando a renovar a via símbolo da capital
Aberta no fim do século XIX para abrigar as mansões dos barões do café, a Avenida Paulista consolidou-se ao longo das décadas como a via mais importante da capital. Além de unir as zonas Oeste e Sul, está localizada em um dos pontos mais altos da região central.
Seu fluxo em dias úteis gira em torno de 1,5 milhão de pessoas. Aos domingos, o trecho de cerca de 3 quilômetros é fechado para o trânsito e torna-se um bulevar com dezenas de atrações e público médio de 30 000 visitantes. Essa movimentação foi uma das responsáveis por atrair investimentos para as áreas de cultura, lazer e comércio nos últimos tempos. Conheça espaços inaugurados recentemente na avenida, que comemora 126 anos na sexta (8).
A Avenida Paulista abriga vários lugares com vista privilegiada — o vão do Masp e a cobertura do Conjunto Nacional são bons exemplos. Em agosto de 2015, o Mirante Nove de Julho entrou para essa lista. Instalado sob o Viaduto Bernardino Tranchesi, o espaço passou quase oitenta anos esquecido. Sua reforma foi viabilizada por meio de uma parceria público-privada da prefeitura com o escritório de arquitetura MM18, que o transformou em um disputado centro cultural com 400 metros quadrados. Por lá é possível comer e beber no Isso É Café, que fica de frente para a Avenida Nove de Julho e nas noites de sexta e sábado ganha ares de um descolado boteco. Não raro, no mirante há sessões de cinema, festas, oficinas, feiras e até shows, tudo a céu aberto.
O terreno onde até 1996 funcionava o casarão de Francisco Matarazzo, um dos empresários pioneiros na indústria paulista, hoje dá lugar a um empreendimento quase tão milionário quanto o antigo dono da casa. Inaugurado em abril de 2015, o Shopping Cidade São Paulo foi erguido com um investimento de 500 milhões de reais. Ao lado da Torre Matarazzo, ele faz parte de um complexo de treze andares, mais de 160 lojas, seis salas de cinema e 123 000 metros quadrados de área com capacidade para receber 1 200 trabalhadores. Do lado de fora, uma praça pública pra lá de arborizada com espécies da Mata Atlântica está sempre cheia, especialmente na hora do almoço, quando funcionários do entorno disputam minutos de descanso em um dos bancos instalados no local.
Primeira de uma série de três centros culturais que o governo japonês abrirá no mundo, a Japan House foi inaugurada na Avenida Paulista em maio deste ano, após investimento de cerca de 100 milhões de reais. De arquitetura suntuosa, a casa ganhará ainda filiais em Londres e em Los Angeles, todas com a proposta de livrar a cultura nipônica dos estereótipos que normalmente a cercam. Como era de esperar, por lá expõem apenas artistas daquele país, como o arquiteto Sou Fujimoto, que está em cartaz com a mostra Futuros do Futuro. Nos 2 500 metros quadrados distribuídos em três andares há espaços expositivos, lojas, cafeteria, auditório, salas de reunião e a Biblioteca da Fundação Japão, que põe à disposição dos visitantes milhares de títulos sobre a comunidade e o ensino dos ideogramas.
Até dezembro de 2016, o Instituto Moreira Salles (IMS) funcionou na Rua Piauí, em Higienópolis, de onde saiu depois de vinte anos para ocupar o número 2424 da Avenida Paulista. A casa reabriu em setembro deste ano, mas a espera valeu a pena. Com ares mais modernos, o novo prédio do IMS tem 6 000 metros quadrados — um alívio para seus curadores, que na antiga sede precisavam espremer mostras inteiras num espaço treze vezes menor. O instituto especializado em fotografia abriu o calendário com Os Americanos, série de 83 imagens produzidas pelo suíço Robert Frank. Além da exposição, os nove andares do edifício abrigam um auditório de 150 lugares, café, restaurante, três salas de aula e uma biblioteca dedicada à fotografia, com 30 000 títulos.
O QUE VEM POR AÍ
Sesc Paulista
Prometido inicialmente para o segundo semestre de 2016, o espaço de 12 000 metros quadrados deve reabrir no começo do próximo ano. Após investimento de 100 milhões de reais, o prédio de quinze andares — onde até 2010 funcionavam escritórios da administração — foi transformado em uma unidade completa, dedicada especialmente às artes cênicas e do corpo. O destaque serão os três auditórios para espetáculos. Além disso, o local terá galpão cultural, área de exposições e salas de ginástica, embalado por uma arquitetura futurista e fachada envidraçada.