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Avanço de doenças respiratórias fecha pronto-socorro em São Paulo

O aumento de pacientes com bronquiolite já é esperado no outono, mas o quadro deste ano parece mais severo, segundo médicos

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 24 abr 2018, 09h06 - Publicado em 24 abr 2018, 09h02
O pronto-socorro do Hospital Infantil Sabará, em Higienópolis, região central de São Paulo, fechou as portas na manhã desta segunda-feira (23) (Reprodução/ Google Street View/Veja SP)
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O pronto-socorro do Hospital Infantil Sabará, em Higienópolis, região central de São Paulo, fechou as portas na manhã desta segunda-feira (23) após alcançar a marca de mais de trinta crianças internadas, o dobro da capacidade, de quatorze leitos. A medida sobrecarregou outros hospitais da região. No Samaritano, no mesmo bairro, a espera para atendimento de pediatria chegou a seis horas.

O quadro se agravou com o aumento de casos de doença respiratória em bebês. A maioria das infecções é provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que em adultos provoca apenas um resfriado, mas em crianças pequenas pode levar a um quadro grave de bronquiolite, com insuficiência respiratória e até risco de morte.

O aumento de pacientes com bronquiolite já é esperado no outono, mas o quadro deste ano parece mais severo, segundo médicos. “O que tem surpreendido é o alto número de casos graves de bronquiolite entre bebês muito pequenos, de até 3 meses. Essas crianças precisam de um cuidado intensivo, uma estrutura de UTI. Por isso, resolvemos fechar o pronto-socorro, porque não tínhamos estrutura física para atender mais pacientes com esse quadro”, explica Sabrina Nery, diretora clínica do Sabará.

É a segunda vez em 56 anos de existência que o Sabará fecha o pronto-socorro. A primeira foi em abril do ano passado, pelo mesmo motivo. O PS do hospital atende, em média, 333 crianças por dia. Não há previsão para a reabertura do serviço, mas a situação será reavaliada pela direção nesta terça-feira (24), conforme o número de altas dos pacientes internados na unidade.

Segundo a direção do hospital, o índice de casos graves no PS quadruplicou no mês passado. A estimativa toma por base uma campainha instalada no pronto-socorro e tocada toda vez que um paciente muito grave dá entrada no local. Em média, essa campainha é acionada oito vezes por mês. Em março, ela foi tocada quarenta vezes.

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Nesta segunda-feira, os pacientes que procuravam o PS do Sabará eram orientados a buscar outro centro médico. Só casos muito urgentes eram atendidos. Grande parte dos pacientes seguiu para o PS infantil do Samaritano, onde as salas de espera estavam lotadas. “Procurei o Sabará, mas soube que estava fechado e vim para o Samaritano. Só não esperei tanto porque meu filho está com febre alta, de 38,9 graus, e foi passado na frente”, conta a administradora Taís Andrade, de 32 anos, mãe de Victor Hugo, de 1 ano.

A dona de casa Marcela Bueno Martins, de 34 anos, não teve a mesma sorte. Às 18 horas de desta segunda, ela já esperava havia três horas atendimento para a filha Lívia, de 3 anos, e não tinha nem passado pela triagem. A menina estava com dor no ouvido, tosse e febre. “Só abri a ficha. Por enquanto, não sei que horas conseguirei passar pelo médico, mas vou esperar porque sei que, se eu for para casa, à noite ela vai piorar e vou ter de retornar”, diz.

Segundo o Samaritano, a demanda no pronto-socorro infantil cresceu 15% entre março e abril e o número de leitos foi ampliado em 30% neste mês para dar conta da procura.

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