Fãs do “Viola Minha Viola” protestam em frente à TV Cultura
Emissora cancelou programas e demitiu funcionários; presidente explica a situação da empresa
Fãs do Viola Minha Viola realizaram uma manifestação em frente à TV Cultura nesta segunda (10). O programa comandado por Inezita Barroso, que morreu aos 90 anos em março, foi encerrado na emissora, assim como o Provocações, de Antonio Abujamra, que faleceu aos 82 anos em abril. Os funcionários das duas atrações foram dispensados em julho.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do Estado de São Paulo estava entre os organizadores do ato. “Queremos o fim da terceirização da programação e das demissões.”, disse Sérgio Ipoldo Guimarães, um dos diretores da entidade. “A TV Cultura precisa voltar com a programação própria para garantir a qualidade e não descambar para comerciais e shows apelativos.”
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Também nesta segunda, uma petição on-line foi lançada na internet em prol da emissora pública. O documento será encaminhado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao presidente da Cultura, Marcos Mendonça. “Todos que entram na emissora ficam inseguros. É terrível ir trabalhar com esse sentimento”, disse Guimarães.
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VEJA SÃO PAULO conversou com Marcos Mendonça, presidente da TV Cultura, sobre o assunto.
Por que o programa Viola Minha Viola foi encerrado?
Tanto o Viola Minha Viola quanto o Provocações estavam muito ligados aos personagens de Inezita e Abujamra, que morreram. Não tinha como mantê-los já que eram deles, com a cara deles. Agora, o Viola está sendo reprisado desde novembro, quando ela foi internada. E ele continuará sendo reprisado, assim como o Provocações. Temos um número enorme de programas.
Isso significa que não termos mais o Viola Minha Viola?
O Viola não, mas um programa que siga a mesma linha, de música de raiz, com certeza. Estamos estudando uma nova atração, com uma nova cara.
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Depois das demissões dos funcionários, houve um acordo garantindo a estabilidade. Mas na sequência houve outro corte. O que aconteceu?
Apesar do acordo, foi preciso fazer o corte. Mas foi bom para quem saiu, já que pagamos os trinta dias trabalhados e indenização. Ninguém perdeu com isso e os trabalhadores foram beneficiados.
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Uma das reivindicações do sindicato é a terceirização da programação da TV Cultura.
Sempre trabalhamos com parcerias. Temos um grande número de programas próprios, mas também atuamos com produtoras independentes. Estamos avaliando diversas propostas. O fato do programa ser feito por um funcionário da TV ou por uma produtor cultural é independente, porque a qualidade deve ser mantida. É preciso analisar o que compensa mais.
Além dos cortes, quais são as ações realizadas pela administração por causa da redução do orçamento?
Nós estamos racionalizando nosso potencial. Evidentemente que com isso é preciso reduzir e, ainda assim, manter a qualidade. Uma das ações, por exemplo, é não buscar um convidado para participar de um programa. Assim, garantimos a qualidade.
O que foi discutido na reunião do conselho da TV Cultura realizada nesta segunda (10)?
Estamos passando por uma dificuldade financeira. É uma crise grande e a TV Cultura é uma vítima. Estamos com uma contenção de despesas e controle de gastos. Vou dar um exemplo: ano passado, gastávamos 200 000 reais em energia elétrica. Hoje pagamos 400 000 reais, economizando. Evidentemente que temos que nos readequar.
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Isso significa que outros programas podem ser extintos?
A principio, não. Lançamos programas novos, como o Show Livre. Ampliamos o Roda Viva e o JC Debate. Logo, logo vamos incrementar ainda mais a grade.