No quintal do poder
'As Construções de Brasília', na Galeria de Arte do Sesi, explora a cidade desde seu nascimento
A capital federal ganhou várias homenagens neste ano em virtude da celebração de seu cinquentenário. Nenhuma, no entanto, foi tão efetiva quanto a mostra As Construções de Brasília, organizada pelo Instituto Moreira Salles e em cartaz na Galeria de Arte do Sesi. Dois núcleos principais dividem a seleção, preparada pela curadora Heloisa Espada. O primeiro deles é histórico e apresenta três fotógrafos que registraram o processo de construção da cidade e seus anos iniciais por meio de 140 imagens. Francês naturalizado brasileiro, Marcel Gautherot (1910-1996) concentra-se no dia a dia dos trabalhadores e aproveita-se das formas suntuosas das edificações de Oscar Niemeyer para amplificar a força estética dos prédios. Pedestres, crianças e comerciantes são o enfoque do alemão Peter Scheier (1908-1979), enquanto o húngaro Thomaz Farkas visita as primeiras favelas em torno do Plano Piloto e imortaliza a festa de inauguração de Brasília.
Cerca de sessenta obras compõem o segundo eixo da exposição, formado por artistas atuais. O tom aqui é crítico à antiga utopia sobre a sede do poder servir de farol para a modernização do país. Conhecido por fotografar desastres ambientais, o americano Robert Polidori explora o aspecto geométrico da arquitetura. Rubens Mano traz dois painéis com vídeos curtos na instalação ‘Futuro do Pretérito’.
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