Após ficar 191 dias internado com Covid, idoso deve R$ 2,6 mi a hospital
Carlos Massatoshi Higa passou 100 dias intubado e não tinha plano de saúde quando foi levado ao Hospital São Camilo; família não sabe como pagará dívida
Após ficar 191 dias internado, sendo 100 deles intubado por causa da Covid-19 e de outras complicações derivadas da doença, um idoso recebeu alta nesta segunda-feira (4). Agora ele e sua família têm dívida de R$ 2,6 milhões com o Hospital São Camilo, na Zona Norte da capital, onde Carlos Massatoshi Higa, de 72 anos, estava sob cuidados. As informações são do portal G1.
A filha dele, a professora da rede municipal e doutora em microbiologia Juliana Suyama Higa, conta que a família diz que não sabe o que fazer para pagar a conta. O alívio com a alta tem dividido espaço com o desespero da dívida.
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Seu Carlos, como é chamado, passou mal quando trabalhava em sua banca de jornal na Nova Cachoeirinha, na Zona Norte, e foi socorrido por pessoas da região. Ele acabou sendo diagnosticado com Covid-19, sendo que dias antes ele havia tomado a primeira dose da vacina CoronaVac.
Segundo Juliana, isso aconteceu em uma época em que não havia vagas nos hospitais públicos da capital, por isso, apesar de o idoso não ter plano de saúde, levaram-no direto ao Hospital São Camilo, privado.
“Meu pai foi internado no dia 27 de março. Foi bem naquela época em que teve um boom de internações por causa da variante de Manaus e faltou vaga em hospital público. Faltava até medicamento para intubação. No desespero, fomos direto para o particular, mas eu sabia que não tinha vaga no Hospital Geral Vila Penteado”, afirma.
A família, de classe média, possuía economias, mas, a partir da internação de seu Carlos, o quadro foi se complicando e a dívida com o hospital foi virando uma bola de neve. Foram mais de 100 dias com ventilação mecânica e traqueostomia e o idoso contraiu diversas infecções hospitalares. Segundo a filha, ele também teve de fazer hemodiálise constante com um equipamento chamado prisma, cujo aluguel é “caríssimo”.
“Ele ficou quatro meses na UTI e, quando voltou para o quarto, teve duas convulsões e um AVC e teve de voltar para a UTI. Saiu de novo dias depois, teve outra complicação e teve de voltar e aí foi outra semana na UTI”, relembra Juliana.
A filha conta que as economias da família já foram usadas e mesmo assim ainda há essa dívida milionária com o hospital, além do fato de seu Carlos necessitar de tratamento especial para sequelas do pós-Covid – ele tem limitações na fala e nos movimentos.
Para tentar arrecadar o dinheiro para pagar a dívida, Juliana organizou uma vaquinha online, que já rendeu cerca de R$ 100 mil. O Hospital São Camilo disse, em nota, que internações de longa permanência podem implicar em valores notoriamente altos, mas que a família era atualizada constantemente:
“A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo oferta serviços particulares de forma transparente e com custos compatíveis com o mercado. O acometimento por Covid-19, no entanto, pode implicar em internações de longa permanência, com valores notoriamente altos. No caso em questão, as informações eram atualizadas constantemente à família. A instituição reforça sua missão de cuidar e valorizar a vida, priorizando a excelência dos serviços prestados, e segue à disposição para quaisquer esclarecimentos”, afirma o documento.
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