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Alta de 6,5% na corrida da Uber gera críticas de passageiros e motoristas

Usuários reclamam de valores muito maiores; condutores afirmam não receber repasse de novos valores

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 mar 2022, 16h14 - Publicado em 15 mar 2022, 15h54
Foto mostra pessoa segurando celular com o logo da Uber
 (Reprodução/Veja SP)
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A alta de 6,5% no valor das corridas do Uber, uma das medidas temporárias anunciadas pelo aplicativo para fazer frente a alta dos combustíveis, vem desagradando tanto usuários como motoristas parceiros na cidade de São Paulo.

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Por um lado usuários têm relatado altas muito superiores a 6,5% nos valores das corridas quando pedem uma viagem, por outro, motoristas afirmam que até agora não viram nenhum centavo a mais em suas contas. Além disso, os condutores estão recebendo várias propostas de “missões” com promessas de recompensas que, segundo eles, não valem a pena aderir.

Anunciada na última sexta-feira (11), a alta de 6,5% integra um pacote de medidas que, segundo a empresa, visam aliviar o bolso dos motoristas parceiros ante a recente alta dos combustíveis, já que eles receberão o repasse. A plataforma diz que investirá R$ 100 milhões em todo o Brasil para reduzir os custos de operação dos condutores.

Temendo represálias e serem excluídos da plataforma, eles preferem não se identificar. Um dos motoristas, de 44 anos e que roda na zona leste de São Paulo, afirmou que até agora não recebeu nada de repasse. Além disso, ele afirma que a plataforma está oferecendo muito mais promoções do que antes, e que, além disso, envia várias “missões” com valores de recompensa considerado por ele muito irrisórios. “Se completar 80 viagens, o valor adicional é de R$ 35. Se fizer 45 corridas, R$ 40.É um absurdo”, diz.

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Eles também dizem que estão recusando mais corridas de forma intencional, a partir da distância em que o passageiro se encontra. Isso porque algumas vezes o valor que vão ganhar não cobre sequer o deslocamento.

É o caso de um publicitário de 37 anos que faz bico de motorista do Uber em suas horas vagas. Ele conta que nesta terça-feira pela manhã estava na marginal Pinheiros na altura do parque Burle Marx quando lhe foi oferecida uma viagem para levar um passageiro do Brooklin até o aeroporto de Congonhas, na zona sul. “Era uns 10km para chegar até o passageiro e 3,5 km de onde ele estava até o aeroporto. Não precisa ser gênio em matemática para saber que eu gastaria bem mais e não compensaria”, afirma.

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Os usuários relatam que já estão sentindo os efeitos desse aumento. A gerente Raquel Pereira, 32, usualmente pega um Uber para completar o trajeto de volta do trabalho para a sua casa. Ela trabalha das 10h40 às 6h na Barra Funda, na zona oeste, e mora na Quarta Parada (zona leste). Para percorrer a distância, ela pega o metrô e depois finaliza o trecho com Uber, em corrida que geralmente gastava de R$ 8 a R$ 10. Desde a última segunda-feira (14), ela diz que o valor saltou para R$ 13. “Não mudei nada na minha rotina. E eu pego o fluxo contrário, não há motivo algum para isso”, afirma.

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Antes mesmo das medidas anunciada pela Uber na última sexta-feira (11), a terapeuta ocupacional Marta Alves, 53, têm enfrentado outro problema além da alta no valor da corrida: o de constantes cancelamentos por parte dos motoristas.

Em tratamento contra o câncer,  ela diz que usa Uber para ir de sua casa, no Anália Franco (zona leste), rumo a Liberdade (centro), e que gastava em torno de R$ 25 a R$ 30. Nesta terça-feira, no mesmo horário que sempre vai ao médico, o valor mínimo saltou para R$ 35. “Não tenho como ir de outro jeito e graças a Deus tenho como pagar e o aumento não me preocupa tanto. Agora, ficar quase 20 minutos esperando vendo que um motorista aceita, depois desiste, vem outro, cancela… é desrespeito”, afirma.

O que diz a Uber

Procurada para comentar as críticas dos motoristas, a Uber se limitou a reenviar a mesma nota divulgada na sexta-feira a respeito das medidas que tomou para tentar auxiliar os motoristas parceiros.

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A nota cita uma fala de Silvia Penna, diretora-geral da Uber no Brasil. “Sabemos que motoristas estão entre os primeiros a sentir o impacto dos preços recordes dos combustíveis, então estamos implementando essas iniciativas para ajudá-los. Esperamos que essas ações emergenciais colaborem para reduzir os impactos no dia a dia, mas continuaremos ouvindo nossos parceiros, especialmente neste momento”, informa.

A empresa diz que, embora o reajuste já tenha entrado em vigor, o repasse ainda deve levar alguns dias, sem precisar o prazo.

Em relação aos problemas enfrentados pelos clientes, a plataforma alega haver uma demanda crescente por viagens pelo avanço da vacinação e reabertura das atividades econômicas.

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A empresa reconhece haver um maior tempo de espera por uma viagem. “Especialmente nos horários de pico, há mais solicitações do que motoristas parceiros para atendê-las”, informa.

Ainda segundo a Uber, esse “desequilíbrio temporário de mercado” pode levar a mais cancelamentos por parte do motorista e também dos próprios usuários, que cansam de esperar para serem atendidos.

A empresa diz que a alta de valores pode ter relação com o preço dinâmico. A dica da Uber ao usuário é que ele espere algum tempo e verifique novamente os valores.

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