Alphaville terá condomínio sustentável e praia artificial
Novo empreendimento promete recuperar córregos e abrir áreas verdes ao público em projeto inédito da região

Alphaville se prepara para ganhar um novo capítulo. Em outubro, será lançado ali o Artesano Cantalupe, condomínio residencial idealizado pela Artesano Urbanismo, que tem entre seus sócios Renato Albuquerque, engenheiro de 97 anos e um dos fundadores do bairro.
O empreendimento ocupará o último terreno ainda não urbanizado da região, uma localização nobre entre o Residencial 0 e o Residencial 1, e aposta em um conceito inédito para a área: o urbanismo regenerativo.
Condomínio sustentável
A proposta prevê o plantio de 14 000 mudas de 100 espécies nativas da Mata Atlântica, como jacarandá e pau-ferro, a recuperação de córregos locais, solos permeáveis para absorver a água da chuva e estruturas construídas com madeira engenheirada, material que captura carbono em vez de emiti-lo.

O comprometimento com a sustentabilidade está presente em todas as etapas de produção. Atualmente, apenas 8,24% do terreno abriga vegetação nativa, e outros 49,51% são ocupados por eucaliptos e pinus, espécies destinadas ao uso comercial e que apresentam baixa contribuição para a diversidade.
Áreas verdes


Na construção do Cantalupe, a cobertura verde ocupará mais de 57 000 metros quadrados. “Depois da pandemia, as pessoas começaram a valorizar mais os espaços ao ar livre e a proximidade com a natureza”, compartilha Marcelo Willer, sócio da Artesano.
Para isso, o complexo terá uma dispersão territorial maior, com 322 residências distribuídas em uma área de 500 000 metros quadrados. O Residencial 1, por exemplo, tem mais de 1 600 casas em pouco mais de 1 milhão de metros quadrados. Outras iniciativas sustentáveis incluem edificações com energia solar e sistemas de reaproveitamento de água pluvial para irrigação.
“Essa ideia do regenerativo só funciona se o projeto conseguir influenciar as áreas vizinhas”, ressalta o urbanista.

Uma iniciativa tocada pelo Instituto Artesano em parceria com a Associação para Proteção das Crianças e Adolescentes (Cepac), por exemplo, organiza com os alunos da região um plano de regeneração urbana do Parque Imperial, bairro vizinho onde estão algumas nascentes dos córregos que passam pelo terreno do condomínio.
“O Alphaville dos anos 1970 era muito individualista, voltado para dentro. A ideia agora é criar conexão com o entorno”, explica Marcelo.
Parte das áreas verdes e do clube ficará aberta ao público, para integrar moradores e comunidade. “Nenhum morador estará distante de uma praça, teremos trilhas verdes, ciclovias e clube com infraestrutura completa”, promete Renato. “É uma questão de filosofia. Estamos preocupados em deixar um legado positivo para outras gerações e para o planeta, mesmo que isso impacte a nossa margem de lucro”, completa Marcelo.
Modelo bem-sucedido

Criado em 1973, Alphaville nasceu como centro empresarial, mas rapidamente se transformou em polo residencial, com o crescimento da demanda por moradia para executivos. Idealizado por Renato Albuquerque em parceria com outro engenheiro, Yojiro Takaoka (1923- 1994), o local ganhou status de bairro e hoje se espalha entre os municípios paulistas de Barueri e Santana de Parnaíba, a 25 quilômetros do centro histórico da capital.
Sob gestão de Renato, foram criados treze condomínios residenciais, onde circulam cerca de 180 000 visitantes e trabalhadores por dia.
O primeiro condomínio foi inaugurado em 1975, abrindo caminho para uma expansão que hoje inclui escolas, shoppings, hospitais e restaurantes. O modelo deu tão certo que chegou a ser replicado em cidades como Campinas, Belo Horizonte e Curitiba, mas os primeiros anos exigiram adaptações.


Albuquerque lembra que, no início, não chegavam jornais à região e a própria construtora mandava um carro para comprar os exemplares na capital todos os dias para distribuí-los de casa em casa. O mesmo acontecia com leite e pão, já que o bairro ainda não contava com uma padaria.
Agora a história é outra: quem vive na área usufrui de comércios do centro e desfruta principalmente dos “extras” instalados dentro dos condomínios. Beach tennis, crossfit e corrida seguem em alta.
Grupos de WhatsApp organizam encontros de oração e ajudam a coordenar a agenda das crianças, que no tempo livre se reúnem em casa mesmo ou brincam na rua e nas quadras.
A segurança segue como um dos principais a trativos para quem escolhe viver ali. Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 52 roubos na região. No mesmo período, o Morumbi, em São Paulo, teve 271 ocorrências.
Reduto de famosos
A privacidade também é um diferencial para muitos famosos, entre jogadores de futebol como Denilson, Cafu e Lucas Moura (atual atacante do São Paulo), artistas como Wanessa Camargo e Wesley Safadão e personalidades como o apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, que há trinta anos decidiu se “refugiar” lá.
“Quando me separei, queria ficar isolado e acabei gostando. Alphaville era pacata, tinha poucos prédios”, relembra. A maior desvantagem é unânime entre os moradores: os engarrafamentos, já que quase todo deslocamento feito no bairro exige carro e viajar à capital costuma ser uma difícil missão nos horários de pico.
“Hoje só vou a São Paulo para médicos ou para cortar o cabelo no Jassa”, reforça o apresentador. Em sua sala fica o primeiro banco do humorístico A Praça É Nossa, do SBT, apresentado por ele há quase quatro décadas.
“Peguei no primeiro ano do programa e guardei comigo desde então.” Seu prédio tem quadras de tênis e de squash, piscina aquecida, sauna, academia e salão de festa — os condomínios superequipados são outro chamariz para quem escolhe migrar para lá.
Alphaville também é o lar de Amilcare Dallevo, presidente da RedeTV!, que mantém a maior mansão do Brasil, com 17 000 metros quadrados de área construída.
Empreendimentos desse porte são comuns e podem custar impressionantes 150 milhões de reais. “É luxo atrás de luxo. Além de localização, hoje a tecnologia e a automação das casas são um diferencial”, conta o corretor de imóveis Gustavo Silva, proprietário da imobiliária Itacolomy. “Alguns clientes querem a comodidade de ligar a banheira a caminho de casa, para já chegar com a água quente.”
Uma das moradoras, Roberta Alonso Lazzari, trabalha de “mãetorista”, dando carona a filhos de vizinhos na hora de levar e buscar da escola.
“Ainda temos algo de cidade do interior, onde todo mundo se conhece e se cumprimenta”, observa a influenciadora Marcela Moura. “A gente encontra famosos o tempo todo, seja no shopping, seja no salão… Família Abravanel, Rodrigo Faro e Eliana, por exemplo.”

Visitar os shoppings da região ainda é um dos principais programas da população local. São dois: o Tamboré e o Iguatemi Alphaville, com restaurantes como Pobre Juan e Coco Bambu, academia Bodytech e grifes nacionais como Osklen e PatBO.
Ali fica um dos salões onde os figurões mais se cruzam: o restaurante japonês Sushi Nouveau, para muitos o melhor da cidade. É o favorito de Carlos Alberto de Nóbrega, ponto de encontro de atletas e políticos e o lugar onde empresários discutem e fecham negócios.
“Ainda há espaço para muitos negócios em Alphaville, a maior dificuldade ainda é a mão de obra porque muitas pessoas preferem trabalhar em São Paulo por acreditarem que seja um mercado de trabalho mais maduro”, pontua Sérgio Ravache, sócio-proprietário do restaurante idealizado com a esposa, Ana Paula Morais. “Não troco por nada essa vida, aqui tenho a segurança e o conforto. É uma comunidade, uma pessoa ajuda a outra e todos se conhecem. As crianças vão dormir uma na casa da outra e recebemos os amigos sempre”, diz ela.
Piscina de ondas: empreendimento da NLS vai criar praia na região
Ainda no ano de 2025, Alphaville ganhará um novo clube esportivo com um toque especial: piscina de ondas artificiais. Em desenvolvimento há mais de dois anos, o Ocean Club Alphaville, da incorporadora NLS Incorp., promete promover uma experiência completa de lazer para as famílias do bairro, com estruturas como quadras de tênis, basquete, vôlei e beach tennis, campo de futebol, aulas de dança e de luta, academia, spinning, natação — e, é claro, surfe.
Com tecnologia de ponta, os associados poderão escolher a forma, a altura, a velocidade e a potência da onda que querem desbravar, que podem chegar a mais de 2 metros de altura e duração de até 26 segundos. Para quem prefere apenas observar — e aproveitar um dia ensolarado —, a estrutura também vai contar com uma faixa de areia com a extensão de dois campos de futebol formando uma “praia”.
Publicado em VEJA São Paulo de 26 de setembro de 2025, edição nº 2963