Paulistanos ganham dinheiro alugando imóveis para turistas pela internet

Empresários chegam também a alugar quartos de suas próprias casas para turistas em sites especializados

Por Jussara Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 13h40 - Publicado em 26 dez 2014, 22h00
Aluguel negócios
Aluguel negócios (Mario Rodrigues/)
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Quando o site americano Airbnb começou a se popularizar por aqui, há dois anos, muitos paulistanos entraram na onda desse endereço que é a maior rede social do mundo de locação de imóveis para turistas. Era um jeito interessante de ganhar um dinheiro extra e, ao mesmo tempo, travar contato com gente de diferentes cidades — do Brasil e do exterior.

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Com o crescimento do negócio, logo apareceram os anfitriões profissionais. São pessoas que compram lugares na capital exclusivamente para alugar aos visitantes, de olho nas boas possibilidades de lucro. Foi o caso dos empresários Luiz Mastropietro e Luciano Menezes, ambos de 31 anos. No primeiro semestre de 2013, a dupla gastou 250 000 reais na aquisição de uma quitinete de 30 metros quadrados no Edifício Copan, no centro. Cobrando uma diária de 150 reais dos hóspedes, eles conseguiram recuperar até agora cerca de 20% do capital investido.

Os dois faturam ainda disponibilizando para esse mercado três dos quatro quartos da residência onde vivem, no bairro do Sumaré, na Zona Oeste (diárias de 140 reais). No quintal, uma Kombi de 1969, comprada por 30 000 reais, foi adaptada com sofá-cama para abrigar duas pessoas. A estada ali sai por 120 reais o período. “Chego a receber trinta visitantes por mês”, conta Mastropietro.

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De 2013 para 2014, o número de anúncios no Airbnb na capital mais que triplicou: passou de 1 700 para 5 300. O sucesso fez surgir um concorrente brasileiro para a plataforma americana. O grupo Hotel Urbano lançou em outubro o site Voltem. Em dois meses de operação, foram cadastrados mais de 900 imóveis na metrópole. Para os clientes, o grande atrativo do serviço é o preço dos locais.

No Airbnb, é possível encontrar um quarto em região bem localizada por 120 reais, a metade do preço de um apartamento em alguns dos hotéis de padrão econômico da cidade. Não por acaso, os empresários do setor de hospedagem vêm reclamando da concorrência, que consideram desleal. “Eles não pagam impostos, tampouco empregam pessoas”, queixa-se Bruno Omori, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-SP. A entidade iniciou um lobby junto aos deputados estaduais para tentar taxar as locações feitas pela internet.

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Enquanto essa briga não se resolve, os casos de proprietários que investem na ampliação de seus pequenos hotéis se multiplicam por aqui. Em 2013, o arquiteto Paulo Filisetti, de 44 anos, transformou sua residência de três andares no Sumaré em uma hospedaria com diárias entre 320 e 380 reais (café da manhã incluído). Ali há três suítes e um quarto.

Filisetti vive em um desses aposentos mas, quando a demanda exige, ele sai de lá temporariamente para dormir na casa da namorada, na Vila Madalena, deixando o local vago para um visitante. Ao todo, calcula ter recebido mais de 100 pessoas de todos os continentes. “A sensação é de realmente estar em uma pousada com muito verde, bem diferente de ficar em um hotel tradicional”, diz.

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Já a servidora pública Graziela Madsen, de 50 anos, lucrou 23 000 reais neste ano com o aluguel de apenas uma suíte de seu apartamento nos Jardins (diária de 182 reais). O bom desempenho a incentivou a adquirir outro imóvel por 235 000 reais, no centro. Ele começará a ser alugado em janeiro. Graziela também abriu um braço internacional de sua empresa doméstica ao comprar uma casa em setembro na cidade de Orlando, nos Estados Unidos, por 600 000 reais. Desde então, faturou cerca de 14 000 reais com as locações do endereço. “Tem sido um ótimo negócio”, comemora.

Anfitriões profssionais

Alguns dados a respeito desse mercado na metrópole

› A cidade tem atualmente 5 300 anúncios no Airbnb, número três vezes maior que o do ano passado

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› A capital é o terceiro destino com mais ofertas de imóveis nesse site na América Latina. Só perde para o Rio de Janeiro (20 000 anúncios) e Buenos Aires (6 300)

› As diárias por aqui variam de 100 a 380 reais. A média nos hotéis é de 312 reais

› Em outubro, o endereço americano na internet ganhou um concorrente nacional: o Voltem, do grupo Hotel Urbano. Em dois meses de operação, ele já registra mais de 900 anúncios de imóveis disponíveis para locação em São Paulo

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