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Acampamento no Paissandu continua sem previsão de fim

Segundo dados da Prefeitura, 126 famílias, algumas com até cinco crianças se amontoam em barracas, em meio a lixo e roupas sujas

Por Estadão Conteúdo
1 jun 2018, 08h36
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  • Passado um mês do incêndio e desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, que deixou sete mortos no centro de São Paulo, ainda não há solução oficial à vista para o acampamento de sem-teto que surgiu na sequência no Largo do Paiçandu. Segundo dados da própria Prefeitura, 126 famílias, algumas com até cinco crianças se amontoam em barracas, em meio a lixo e roupas sujas.

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    “A gente fica aqui e eu estou esperando que venham dar moradia para a gente. Disseram que vão dar no dia 13”, disse a desempregada Deise da Silva Rodrigues, de 32 anos, mãe de cinco filhos, a mais nova ainda sendo amamentada, ao repetir alguns dos boatos que correm entre as barracas.
    Deise já recebe auxílio-moradia da Prefeitura, por ter perdido a casa em um incêndio ocorrido na Favela do Moinho, na Barra Funda há três anos. Usava parte do dinheiro para viver na ocupação. Ao perder o lar para o fogo pela segunda vez, tenta sobreviver mantendo as crianças perto de vista e esperando ajuda pública.

    A Prefeitura admite que existe um impasse sobre o atual acampamento e destaca que a maior parte das vítimas da tragédia já foi atendida. O posicionamento foi dado com base em visitas da Assistência Social concluídas um mês antes do incêndio, nas quais foram cadastradas 171 famílias no local – com vistas a uma futura desocupação. Do cadastro prévio, 144 famílias foram localizadas. “Algumas já vão receber o segundo cheque (de 400 reais de auxílio-aluguel)”, disse o secretário da Habitação, Fernando Chucre.

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    As 126 famílias atualmente no Largo não estão nessa lista. Para elas, “o que a Prefeitura pode fazer é todo dia ir lá oferecer abrigamento”. “É a ferramenta que temos”, ressaltou Chucre.

    Por noite, a Prefeitura paga sessenta pernoites para vítimas do incêndio. E soluções menos negociadas estão fora da mesa. “Existem garantias individuais de que o cidadão pode permanecer nos lugares. Não tenho, como força de Estado, falar ‘vem aqui e saí'”, disse o secretário da Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues.

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    “Nesse tipo de caso, é comum que você tenha um acidente que envolva 100 (pessoas) e apareçam 300 se dizendo morador”, afirmou o secretário, ao justificar a decisão. Mas Chucre admite que parte da ocupação do Wilton tinha famílias com “perfil transitório” – o que é um complicador.

    “Uma família em algum momento pode ter passado por aquele edifício por um dia, uma semana, por um período indeterminado. Não temos controle sobre esse período.” Por causa disso, segundo ele, há 77 casos que estão sob análise, e deverão receber o benefício a partir do mês que vem.
    Mesmo assim, a inclusão nos programas não é garantia de que o acampamento se desfaça. Há 26 famílias, por exemplo, que estão recebendo o benefício e permanecem lá, conforme a própria administração municipal. “A única coisa que quero é trabalhar. Sou segurança. Mas preciso ter um endereço para dar para o patrão”, diz Keliane Mendes da Costa, de 34 anos, que já trabalhou como manicure e como segurança.

    Como ela, muitos usam o benefício municipal como “um complemento de renda”, nas palavras do secretário. Não existe auditoria sobre os valores ofertados, e a Prefeitura também não indica moradias para as quais pessoas possam se dirigir.

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    As famílias de sem-teto passam o dia na praça, em barracas de camping doadas. Varrem a sujeira de um lado para o outro, fazem “gatos” (ligações irregulares) nos postes de iluminação para terem tomadas para os celulares e se dividem em uma cozinha coletiva. Essa está repleta de sacos de arroz e de feijão também doados. Mas não há nenhuma geladeira – “e aí não tem mistura”, segundo uma das moradoras. Também não há banheiros com água corrente nem chuveiros, o que faz cada um se virar como pode para a higiene pessoal.

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    O ritmo de doações vem caindo. Os moradores só não sabem se é por causa da greve dos caminhoneiros – “ou pelo fato de as pessoas estarem nos esquecendo” – como dizem alguns.

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    A Prefeitura, o governo do Estado e a União iniciaram negociações para viabilizar a construção de um empreendimento habitacional voltado para a população de baixa renda no terreno onde antes ficava o Edifício Wilton Paes de Almeida.

    A ação incluiria a liberação de verba para reforma de outros edifícios de posse da Prefeitura na área central da cidade. Os valores finais ainda estão em discussão, que não tem prazo para ser encerrada. As moradias não iriam para ex-moradores do Wilton. A Prefeitura seguirá a fila de moradia do Município.

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