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A tortura das embalagens

Embalagens, latas e garrafas me enlouquecem. Cada vez se torna mais difícil abri-las. Talvez eu sofra de uma profunda falta de coordenação motora. Vivo reclamando, eu sei. Já lutei horas contra um CD. Tirar o celofane é uma loucura. Seria fácil com uma tesoura. Obviamente, nunca há uma por perto quando preciso. Arranho o envoltório […]

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 19h46 - Publicado em 18 set 2009, 20h18
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  • Embalagens, latas e garrafas me enlouquecem. Cada vez se torna mais difícil abri-las. Talvez eu sofra de uma profunda falta de coordenação motora. Vivo reclamando, eu sei. Já lutei horas contra um CD. Tirar o celofane é uma loucura. Seria fácil com uma tesoura. Obviamente, nunca há uma por perto quando preciso. Arranho o envoltório com as unhas. Mal o risco. Espeto-o contra a quina da mesa. Inútil. O jeito é morder. Por instantes me transformo em um homem das cavernas roendo um osso. Mas não é osso. Existe algo mais selvagem do que cravar os dentes em um CD?

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    Latas. Antes se usava abridor. Desconfortável. Podia machucar. Mas funcionava! Agora procuro: se desenrolar certa pontinha de metal, abrirei a lata. Quando a puxo, ela arrebenta. Tento expedientes, como enfiar uma faca para enrolá-la em torno. Sofro, suo. Já cheguei a usar prego e martelo! Os fabricantes agem como se eu tivesse uma força inacreditável. Certos produtos vêm em caixas com a instrução: “Puxe aqui”. Só fortes bíceps para rasgar papelão com os dedos. Ainda mais, metalizado! Se é um suco, quando arranco a ponta da embalagem, tomo um banho! Passo dias cheirando a laranja, a uva, a leite de soja! Já fiquei com a cabeça repleta de flocos de aveia! Às vezes perco a paciência e ataco o pacote a facadas. Termino arrasado, com a sensação de que perdi a luta para o designer! Uma amiga ganhou um perfume no aniversário. Tirar o laço e o papel de presente foi simples.

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    – Vou experimentar! – gorjeou, para fazer bonito para o convidado.

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    Quis puxar o celofane. Impossível. Tentou de novo. Alguém foi ajudar. Mais tentativas.

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    – Quase! – ela exclamou.

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    O vidro voou para fora da caixa e se espatifou no chão! Que saia-justa!

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    Um conhecido arrebentou o toner da impressora ao desembalá-lo. Sem perceber, puxou o que não devia. Ficou com os dedos pretos de tinta. Outro quebrou um vaso de cristal ao tentar tirá-lo da caixa e das camadas de plástico-bolha colocadas justamente para protegê-lo! E os xampus? Muitos ainda têm a tampa tradicional. Os novos vêm com um sistema para apertar de um lado e o líquido sair do outro. A boca vem protegida por um plástico duro. Já tentei arrebentá-la embaixo do chuveiro. Sem sucesso!

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    E as garrafas? Bastava ter um abridor. Atual-mente, é preciso torcer as tampas. Se a mão está molhada, fica rodando. Às vezes, em bares, sou obrigado a pedir:

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    – Pode me abrir a tampa, por favor?

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    A garçonete de aparência frágil resolve o problema com a maior facilidade. Sorri. Faço cara de tonto e agradeço. Fazer o quê?

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    As de vinho são de pirar. Vêm com metal para proteger. Na cozinha, certa vez usei tesoura, faca, dedos e, no final, apelei para os dentes. Voltei arranhado para a sala onde as visitas esperavam inquietas. A sensação de vitória foi incrível, como se tivesse vencido um gato furioso. Descobri que existe um cortador especial para garrafas de vinho. Basta colocá-lo na borda, girá-lo e tudo se resolve em segundos. Ótimo.

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    Para cada coisa surge um novo apetrecho. Com a função especializada como um instrumento cirúrgico. Tesourinhas, faquinhas, cortadores! Do jeito que vai, abrir uma garrafa acabará sendo mais difícil que extrair um apêndice!

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    A carreira de designer é uma das que mais têm crescido. A evolução é nítida, e somos cercados por objetos bonitos. Mas retirar embalagens está se tornando uma árdua missão. Tanta coisa é feita para melhorar o cotidiano. E vira uma tortura!

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