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A sopa

No ano passado, o médico foi taxativo: – Você tem de perder a barriga. É uma questão de saúde. Minha barriga é dura, tipicamente masculina. Já quis fazer lipo. Um grande cirurgião me apalpou e disse, taxativo: – Se eu soubesse tirar sua barriga, acabava com a minha também. Continua após a publicidade Observei sua […]

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 19h45 - Publicado em 18 set 2009, 20h18
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  • No ano passado, o médico foi taxativo:

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    – Você tem de perder a barriga. É uma questão de saúde.

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    Minha barriga é dura, tipicamente masculina. Já quis fazer lipo. Um grande cirurgião me apalpou e disse, taxativo:

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    – Se eu soubesse tirar sua barriga, acabava com a minha também.

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    Observei sua figura rotunda e desisti de ir em frente. Desde o aviso médico já tentei muitas coisas. Esteira: faço uma semana ou duas. Mas tudo é pretexto para eu transferir o exercício para outro dia. Depois vou deixando, deixando… Regimes foram vá-rios. O último foi o da sopa. Um amigo faz de vez em quando, e me passou. Trata-se de uma sopa à base de vegetais. A cada dia, é acompanhada por um tipo de alimento: legumes, frutas… frutas, legumes. Haja variedade!

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    Fervemos um caldeirão. Servi-me de um prato. Sentei, decidido a me transformar em um magro. Admirei os pedaços de berinjela boiando. Juro, não há nada menos apetitoso do que berinjela flutuante. Bem, existem as abobrinhas. E a sopa também tinha abobrinhas! Mergulhei a colher. Tomei um prato. Tive vontade de morder a porcelana. Talvez o sabor fosse melhor.

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    – Coragem! Quando tiver emagrecido, vai ver que valeu a pena – disse Denise, minha secretária do lar.

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    Em seu rosto brilhava um sorriso de felicidade. Tem alma de carcereira, como já contei em outra ocasião. Saltitante, tratou de dar mais uma contribuição, escondendo tudo de bom que havia na geladeira, para evitar tentações. Pedi que batesse a sopa. Talvez ficasse mais fácil de tomar. O liquidificador despejou um líquido amarronzado, de aparência duvidosa.

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    – Vou fechar os olhos e tomar até passar a fome! – resolvi.

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    Que engano! Sentia um vazio no estômago. A fome não passaria nem com um barril de sopa. Fui até o espelho mais uma vez. Sem exagero, parecia ter engolido uma bola de futebol. Ou talvez duas bolas, oh, céus! Impossível parar o regime! Suspirei e tomei mais um copo, já me sentindo mais magro.

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    Não obriguei a casa toda a tomar sopa. Implorei para evitarem comidas tentadoras. Inútil.

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    – O senhor tem de ter disciplina e resistir! Seja forte! – incentivou Denise, enquanto fritava um bife.

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    Quase atirei a frigideira na cabeça dela.

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    Até o dia em que pude comer frutas à vontade foi tudo bem. São saborosas. Terrível foi a vez das bananas. No dia todo, sopa à vontade e, no máximo, seis bananas. Cada vez que olhava para uma banana, queria chorar!

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    De noite sonhei com empadinhas. Lindas, douradas, com recheio de frango e camarão. Acordei e fui me pesar. Mais 200 gramas. Oh, horror! Após um dia à base de sopa e bananas, eu aumentara de peso! Não há nada mais injusto! Quase corri para a churrascaria mais próxima.

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    – Se é para engordar, que seja com picanha na brasa – gemi.

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    Lembrei-me das empa-dinhas.

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    – Ih! Será que sonhar engorda?

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    Segundo uma amiga radical, até fotos de culinária engordam. Basta olhar um frango assado com batatas, e a barriga cresce! Fotografia de manjar com ameixas aumenta a glicose!

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    – Olhou, engordou! – avisou ela, que está uma pipa.

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    Foram sete longos dias. Seria leviandade aconselhar o regime para qualquer pessoa. É preciso verificar a condição médica de cada um. Mas descobri o prazer de não ficar de estômago cheio. O corpo se torna mais leve. O ânimo, melhor. Finalmente, subi na balança. Eu perdera 4 quilos! Consegui abotoar um casaco antigo!

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    Já planejo mais uma semana de regime. É uma prova de que o ser humano se acostuma com qualquer situação. Até estou com saudade da sopa! Ah, vida!

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