Onze musicais para aquecer o inverno paulistano
O ano de 2015 tem sido prodigioso para os musicais. Desde as biografias de Chacrinha, Chaplin e Cássia Eller até chegar a “Mudança de Hábito” e ao satírico “Urinal”, o gênero faz a alegria dos paulistanos. “Beatles num Céu de Diamantes” O musical, que já fez temporada na cidade em 2009, volta ao cartaz na próxima semana, desta vez […]
O ano de 2015 tem sido prodigioso para os musicais. Desde as biografias de Chacrinha, Chaplin e Cássia Eller até chegar a “Mudança de Hábito” e ao satírico “Urinal”, o gênero faz a alegria dos paulistanos.
“Beatles num Céu de Diamantes”
O musical, que já fez temporada na cidade em 2009, volta ao cartaz na próxima semana, desta vez no Teatro Folha. Charles Möeller e Claudio Botelho reafirma o talento da dupla mesmo diante do óbvio, caso da tão explorada obra do quarteto de Liverpool. Sem qualquer enredo ou cenário, a montagem traz onze atores-cantores e três instrumentistas em 47 temas. Em solos e coros emocionados, “Help”, “I Want to Hold Your Hand” e “Lucy in the Sky with Diamonds” viram peças dramatizadas. Carol Bezerra e Felipe Tavolaro lideram o elenco.
Baseado no romance de Ruy Castro, o musical traz uma dramaturgia criada por Heloisa Seixas e Julia Romeu e quinze composições inéditas do sambista Nei Lopes. A história fictícia, ambientada em um Rio de Janeiro que sonha em ser a Paris dos trópicos, é protagonizada pelo poeta Olavo Bilac (interpretado por André Dias). Em meio a convescotes na Confeitaria Colombo, o autor parnasiano se envolve em uma trama que o relaciona a um ambicioso padre (papel de Caike Luna) e uma falsa espiã portuguesa (a atriz Amanda Acosta). A dupla almeja roubar o projeto de um dirigível inventado pelo jornalista José do Patrocínio (papel de Sérgio Menezes). Confira no Espaço Promon
+ Conheça o circuito off-Broadway paulistano.
Cássia Rejane Eller (1962-2001) era de uma timidez sem tamanho. Os diretores João Fonseca e Vinícius Arneiro, no entanto, conseguiram uma proeza entre os similares do gênero. Vivida no musical pela estreante Tacy de Campos, Cássia tem seu jeito e sua alma presentes ali. A dramaturga Patrícia Andrade traz à tona o acanhamento juvenil, que se tornou um empecilho na vida adulta da roqueira e pode ter ajudado a levá-la para as drogas. Para isso, a atuação de Tacy é tão importante na montagem em cartaz do Teatro das Artes.
Longe da narrativa linear guiada por uma cronologia, o musical escrito por Pedro Bial e Rodrigo Nogueira, vai para o trono. Dirigido por Andrucha Waddington, o espetáculo do Teatro Alfa é centrado em duas visões do protagonista que permeiam a montagem. Por intermédio do jovem Abelardo (representado por Leo Bahia), são explicadas as raízes pernambucanas e sua batalha para se firmar profissionalmente. Já o consagrado animador de auditório (interpretado por Stepan Nercessian) surge através de contornos psicológicos que contrastam a fragilidade na intimidade com o espírito festivo e destemido diante do público.
Em cartaz no Theatro Net, o musical de Christopher Curtis e Thomas Meehan ganha versão brasileira de Miguel Falabella e direção cênica de Mariano Detry. Reconhecido como bailarino e cantor, Jarbas Homem de Mello alcança a superação como ator na caracterização de um dos maiores gênios das telas, o inglês Charles Chaplin (1889-1977). O espetáculo percorre sua carreira desde a infância pobre em Londres até a consagração nos Estados Unidos e oferece uma leitura psicológica do artista que explica o caráter dúbio ou atitudes pouco éticas. Com Marcello Antony, Naíma, Paula Capovilla, Giulia Nadruz, Paulo Goulart Filho e Leandro Luna integram o elenco de 21 atores.
+ Leia perfil de Jarbas Homem de Mello.
“Lisbela e o Prisioneiro, o Musical”
Divertida e de forte teor regionalista, a peça de Osman Lins (1924-1978) virou especial de TV, filme e agora ganha o formato de um musical. O universo circense ambienta a história de Leléu e Lisbela (interpretados por Luiz Araújo e Ligia Paula Machado), que teve adaptação teatral de Francisca Braga e direção cênica de Dan Rosseto e Ligia. Ele é um artista mambembe e mulherengo, cheio de confusões no currículo, apaixonado pela moça do título, que é filha de um poderoso da região e noiva de outro rapaz (papel de Beto Marden). A trilha sonora escolhida dialoga bem com as cenas e traz canções como “Purpurina”, “Sonhos de um Palhaço”, “Saga” e “Somos Todos Iguais Nessa Noite”, a maioria embalando as coreografias circenses. Confira no Teatro APCD.
+ Claudia Raia ensaia “Raia 30 Anos”.
Whoopi Goldberg já era uma atriz bastante conhecida quando protagonizou o filme de Emile Ardolino em 1992. Para a cantora Karin Hils, no entanto, interpretar a personagem Deloris na adaptação do longa, que, no formato musical, foi visto em onze países, tem tudo para ser a consagração. Sob a direção original de Jerry Zaks, a montagem do Teatro Renault é repleta de qualidades e, mesmo assim, o carisma e o vozeirão da ex-integrante da banda Rouge saltam aos olhos e ouvidos do público. Na trama, Deloris Van Cartier é uma cantora despachada, cercada de más companhias. O tempo fecha assim que ela testemunha um assassinato e, no desespero de salvar a pele, se esconde num convento. Por lá, a moça conquista a simpatia das freiras e revoluciona o coral da instituição.
Sob o comando dos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho, o espetáculo de Maury Yeston e Arthur Kopit é livremente inspirado no filme 8 e 1/2, de Federico Fellini. O egocêntrico cineasta Guido Contini (interpretado por Nicola Lama) atravessa uma maré baixa e enfrenta a maior crise criativa de sua carreira. Para completar, as muitas mulheres que o rodeiam não dão a menor trégua. Lama tem charme, empatia e percorre um caminho do desequilíbrio psicológico que o faz se sair muito bem na pele de Contini. O destaque, no entanto, fica com o elenco feminino. Totia Meireles, Malu Rodrigues, Carol Castro, Beatriz Segall, Leticia Birkheuer e Myra Ruiz ganham a atenção no palco do Teatro Porto Seguro.
+ Leia entrevista com Claudio Botelho.
Kleber Montanheiro dirige e interpreta a personagem Geni do musical de Chico Buarque com base na “Ópera dos Mendigos” (1728), de John Gay, e na “Ópera dos Três Vinténs” (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. Na trama, Duran (o ator Raul Figueiredo) e sua mulher, Vitória (Heloísa Maria), precisam impedir a união da filha Teresinha (Erica Montanheiro) com o malandro Max Overseas (Flavio Tolezani e Bruno Perillo em revezamento). “O Meu Amor”, “Folhetim” e “Geni e o Zepelim” estão no repertório na montagem em cartaz no Espaço Cia. da Revista.
“S’Imbora, o Musical – A História de Wilson Simonal”
O carioca Wilson Simonal (1938-2000) é tema do musical de Nelson Motta e Patrícia Andrade, em cartaz no Teatro Cetip. Simonal (o ator Ícaro Silva) é um personagem dúbio e ganha o palco com relativa fidelidade. Não há preocupação em aliviar suas ações. O carismático Thelmo Fernandes contribui para o humor e a leveza ao viver o produtor Carlos Imperial. Quinze atores e oito músicos completam o elenco. Direção de Pedro Brício.
Sob a direção de Zé Henrique de Paula, o musical de Greg Kotis e Mark Hollmann aborda a crise hídrica e pode ser conferido no Teatro do Núcleo Experimental. Lançada na Broadway em 2001, a história é centrada nos habitantes de uma cidade que enfrenta o problema há duas décadas. A população paga para usar banheiros controlados pela Companhia da Boa Urina (CBU). Inconformado, Bonitão (interpretado por Caio Salay) lidera um movimento para enfrentar o administrador da CBU (Roney Facchini). Entre os treze atores ainda se destacam Daniel Costa, Nábia Vilella e Bruna Guerin acompanhados de oito músicos
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