Imagem Blog

Na Plateia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)
Continua após publicidade

Angela Figueiredo e as “As Moças, O Último Beijo”: “estamos aqui pelo prazer de fazer esse espetáculo”

Garota de Ipanema que virou paulistana por amor, a carioca Angela Figueiredo, de 53 anos, também reinventou os caminhos profissionais. O casamento com o titã Branco Mello, em 1989, contribuiu para que ela ficasse longe das novelas da Globo e, portanto, a fez cavar trabalhos em São Paulo. Saltou para a produção e levantou, entre […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 19h12 - Publicado em 29 jan 2015, 13h07
Angela Figueiredo: atriz e produtora de "As Moças, O Último beijo" (Foto: Divulgação)

Angela Figueiredo: atriz e produtora de “As Moças, O Último Beijo” (Foto: Divulgação)

Garota de Ipanema que virou paulistana por amor, a carioca Angela Figueiredo, de 53 anos, também reinventou os caminhos profissionais. O casamento com o titã Branco Mello, em 1989, contribuiu para que ela ficasse longe das novelas da Globo e, portanto, a fez cavar trabalhos em São Paulo. Saltou para a produção e levantou, entre outros projetos, o documentário “Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa”. A atriz segue firme e, na peça “As Moças, O Último Beijo”, texto escrito por Isabel Câmara em 1969, Angela dá uma prova de maturidade artística como a homossexual Teresa. Sob direção de André Garolli, ela divide o palco com a atriz Fernanda Cunha em um pungente retrato de uma geração em desencanto. A montagem volta em curta temporada no Espaço Parlapatões em 7 de fevereiro, aos sábados, às 20h, e domingos, às 19h, até o dia 22. Em março, o espetáculo parte para o Teatro Poeirinha, no Rio de Janeiro.

Desejo de liberdade, homoafetividade e solidão. “As Moças, O Último Beijo” é um texto que, apesar de ter mais de 40 anos, dialoga perfeitamente com o público de hoje. Por que esses temas ainda chamam tanta atenção?

Os mesmos sentimentos e questionamentos estão por aí através dos tempos e não só nas relações homossexuais, não é? Quando era criança e adolescente, eu vivi o ambiente que a Isabel Câmara descreve nessa peça. Era uma época difícil para todos que estavam à frente do seu tempo e a ditadura massacrou os sonhos dessa geração de artistas e intelectuais. Percebia isso muito entre meus pais e seus amigos. Quando conheci “As Moças”, eu fiquei um pouco em dúvida. Não gostava dessa fossa toda. Mas me senti desafiada pelo adverso, pelo áspero e pela crueza do texto. Procuramos trazer esse universo à tona e promover um diálogo com os dias de hoje.

Continua após a publicidade

A Fernanda Cunha tem 32 anos e já seria a parceira natural para o projeto? Existe alguma diferença ou um ganho em trabalhar tão intensamente com uma atriz de outra geração?

A Fernanda é a parceira ideal desse projeto e de alguns outros do futuro também (risos).  Nós nos conhecemos no palco, dividindo camarim durante o “Festival de Peças de Um Minuto”, promovido pelos Parlapatões em 2010. Não penso em idade quando estamos juntas. Trocamos ideais sobre tudo. Existe uma grande diferença na experiência de vida, mas uma enorme troca em questões profissionais. Nós nos damos bem, trabalhamos muito e acrescentamos uma a outra.

Você tem um desafio de criar uma mulher dura e masculinizada. Quais os caminhos para encontrar uma personagem como essa, com um perfil bem diferente do seu?

No começo dos ensaios, eu, Fernanda e André Garolli nos trancamos em uma sala pequena por dez dias. No último dia, desse primeiro movimento, o André comentou sobre a questão da minha feminilidade e tudo mais. Paramos durante um mês até uma nova leva de ensaios. Nesse tempo, eu mergulhei em uma pesquisa enorme e fui descobrindo a personagem, seus detalhes, suas sutilezas e asperezas. Depois, fomos lapidando a Teresa juntos. Justamente por ser tão diferente de mim, eu e ela nos encontramos em algum ponto. Com “A Moças”, eu percebo a maturidade de estar no palco como nunca tinha aproveitado antes. É técnica e intuição, mas, acima de tudo, é a minha experiencia e a mão de um diretor.

Ângela Figueiredo e Fernanda Cunha em "As Moças, o Último Beijo": cartaz do Teatro Augusta (Foto: Ricardo Martins)

Ângela e Fernanda Cunha em “As Moças, o Último Beijo”: texto de 1969 (Fotos: Ricardo Martins)

Vocês apresentaram “As Moças” até agora em teatros bem pequenos, como o Parlapatões e o Augusta Experimental. É possível tirar um sustento do espetáculo?

A montagem foi toda concebida para caber em um baixo orçamento e sobreviver de pequenas temporadas. Por enquanto, a produção não teve lucro e sempre reinvestimos o que ganhamos. Estamos aqui pelo prazer de fazer esse espetáculo e porque acreditamos na sua importância. Depois dessas apresentações no Espaço Parlapatões, seguimos para o Rio de Janeiro, em uma temporada no Poeirinha, o teatro da Andréa Beltrão e da Marieta Severo.

+ Leia entrevista com o ator e diretor André Garolli.

Depois de algumas novelas nos anos 80, você ficou menos frequente na televisão, não? Foi consequência da sua mudança para São Paulo, de querer cuidar mais da sua família com o Branco Mello ou uma questão de mercado?

Com certeza, em um primeiro momento, a mudança para São Paulo me afastou da Rede Globo, mas não da televisão. Por aqui, eu atuei em diversas novelas. Fiz “Cortina de Vidro”, “Sangue do meu Sangue”, “Colégio Brasil”, “Dona Anja”, “Louca Paixão”, “Maria Esperança” e “Água na Boca”. Paralelamente, sempre adorei cuidar da família. Tenho três filhos de idades bem diferentes. Então, nos últimos 30 anos, eu fui mãe de criança pequena. Adoro estar com eles, e, hoje, ainda aproveito muito o meu neto, Pedro, de 8 anos (filho da atriz e apresentadora Diana Bouth). Não deixei de me interessar pela televisão e nem a televisão por mim. Volta e meia, estamos juntas, não só como atriz , mas como produtora também. Só mudamos a relação.

A personagem de “Saramandaia” a deixou com vontade de trabalhar mais em novelas?

“Saramandaia” me deu oportunidade de trabalhar com pessoas diferentes, como a diretora Denise Saraceni. Foi também sensacional reencontrar o José Mayer e a Fernanda Montenegro. Conhecia os dois de “Guerra dos Sexos”, minha estreia na televisão há 30 anos.

Continua após a publicidade

Você tem a experiência de produzir o documentário dos Titãs e também peças, como “Serpente Verde, Sabor Maçã” e “As Moças”. Fica mais fácil encarar a burocracia que envolve uma produção dessa forma, investindo em projetos pessoais? 

Venho de uma época em que começamos criando grupos, experimentando e inventando. Virar produtora oficialmente foi bárbaro. Eu recebi um convite para fazer a novela “Chiquititas” na Argentina e, como as crianças e o Branco não iriam, recusei. Desde lá, final dos anos 90, decidi produzir nossos projetos. Os primeiros foram “Eu e meu Guarda-Chuva”, que virou livro, CD e espetáculo, e o documentário dos Titãs para cinema, “A Vida Até Parece Uma Festa”, lançado em 2009. Hoje, eu sou produtora dos meus projetos e dos amigos também. Faço administração, produção executiva, direção de produção. Não sei se a burocracia fica mais fácil diante de trabalhos pessoais, mas com certeza é mais divertido trabalhar com a família e amigos. Ter realizado o filme dos Titãs, por exemplo, me dá um grande aval. Foram seis anos. Quem levanta um longa como esse, não esquece nunca (risos). 

Ângela Figueiredo e Fernanda Cunha; "As Moças, o Último Beijo" está no Teatro Augusta (Foto: Ricardo Martins)

“As Moças, o Último Beijo”: depois da temporada dos Parlapatões, montagem segue para o Rio

Continua após a publicidade

Quer saber mais sobre teatro? Clique aqui.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.