Conheça os empresários que apoiam Bolsonaro
As ideias de famosos empreendedores que militam a favor do presidente e vão lançar um instituto com lobby pró-mercado e de “canal direto” com o governo
Fã-clube de 40 bilhões de reais
“Os senhores podem até sobreviver sem governo, mas o governo sucumbirá sem os senhores”, disse o presidente Jair Bolsonaro ao receber uma homenagem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo no último dia 11. A plateia, formada por empresários alinhados com as pautas da nova gestão, aplaudiu.
Um grupo de 300 empreendedores, que desde o ano passado abraçou o lema “Conservador nos costumes, liberal nos negócios” e fez campanha para o ex-capitão, lançará em 5 de julho, no MIS, o Instituto Brasil 200. Presidido por Gabriel Kanner, ex-executivo da Riachuelo e sobrinho de Flávio Rocha, dono da rede, que também aderiu à iniciativa, o instituto ainda inclui os proprietários da Havan (Luciano Hang), Polishop (João Appolinário), Bio Ritmo (Edgard Corona), Centauro (Sebastião Bomfim), Galápagos Capital Gestora de Fundos (Marcelo Pessoa) e Gocil (Washington Cinel). Estima-se que o faturamento dessas empresas some 40 bilhões de reais. “Queremos assumir um maior protagonismo político e furar os canais de lobby empresarial, com uma linha direta com o governo”, explica Kanner.
Os empresários costumam apoiar as principais pautas do governo, até as controversas. Os discursos seguem os do presidente a respeito da investigação sobre corrupção do senador Flávio Bolsonaro e as mensagens de Sergio Moro, guiando ações da Lava-Jato junto ao Ministério Público, por exemplo. “Toda denúncia deve ser investigada, mas Moro não fez nada de mais”, diz Kanner. “Temos esperança no governo.”
Luciano Hang, dono do império Havan e um dos apoiadores mais fervorosos do político, faz coro com as opiniões sobre o ensino, e ainda vai além. “O maior problema do Brasil é a educação que tem um viés comunista”, acredita ele, que busca dois terrenos para estrear por aqui suas lojas com réplicas da Estátua da Liberdade. “As faculdades de exatas preparam empreendedores e deveriam ser priorizadas, em vez de cursos pouco funcionais, como filosofia e história. Praticamente não contrato gente formada em sociologia e outras faculdades marxistas.” Hang dá palpite também sobre a capital. “Em São Paulo, é tudo pichado. Cadê a ordem? Tudo depende de um bom líder. O pessoal da esquerda provoca a deterioração da cidade. Ninguém pró-Bolsonaro picha muros, é sempre ‘Lula livre’.”
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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 26 de junho de 2019, edição nº 2640.