Imagem Blog

São Paulo nas Alturas Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
Continua após publicidade

Terreno público vazio poderia abrigar moradia para profissional da saúde

#SPReage - Com rendimentos modestos, vários enfermeiros e técnicos de enfermagem vivem em conjuntos habitacionais ou favelas nas bordas da cidade

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
25 set 2020, 06h00

Os aplausos noturnos nas janelas e sacadas em Madri, Milão e Nova York foram um belo reconhecimento aos profissionais de saúde na linha de frente da pandemia. Em São Paulo, tais homenagens foram escassas e já parecem passado distante. Mas podemos consertar tal ingratidão.

O salário médio de enfermeiros e técnicos de enfermagem na capital varia entre 2 000 e 3 500 reais. Desde o início da pandemia, não são poucos os que precisaram se isolar dos familiares, ou que penam em longas jornadas de casa para o trabalho. Com esses rendimentos modestos, vários moram em conjuntos habitacionais ou favelas nas bordas da cidade. A saúde e a produtividade deles saem prejudicadas, claro.

No Reino Unido, desde o início dos anos 2000, uma política tenta permitir que esses trabalhadores essenciais possam morar em áreas centrais, onde o metro quadrado é caro, para valorizar e proteger o trabalhador público. Ainda no governo do premiê Tony Blair, o programa Starter Home subsidiava o primeiro imóvel de enfermeiros, policiais e professores públicos.

A prefeitura de Londres criou o programa First Steps (primeiros passos), que subsidia a compra de imóveis, a longo prazo. Campanhas similares estão surgindo no interior da Inglaterra, em Toronto, no Canadá, e nos Estados Unidos, chamadas de “Casa para os heróis”.

São Paulo bem que poderia abraçar a causa. Não faltam terrenos públicos, sem necessidade dos gastos de desapropriação, que poderiam abrigar moradia para profissionais de saúde que não tenham nenhum imóvel próprio e com renda abaixo de cinco salários mínimos. O Metrô é cheio de terrenos desaproveitados depois que as obras de seus túneis terminam.

Continua após a publicidade

A prefeitura recebe milhares de metros quadrados de contrapartida a cada novo loteamento grande que surge na cidade. Sem falar nos espaços ociosos que nossa vista já nem mais registra. O vasto estacionamento da Assembleia Legislativa lembra os dos hipermercados dos anos 1980, que só se explicavam pelas “compras do mês”, o estoque anti-inflação galopante. O prédio, isolado, lembra Brasília — tanto o Congresso argentino quanto o espanhol são cercados por edifícios de usos mistos, e os parlamentares passam bem.

Se o eixo Bela Vista-Clínicas-Vila Mariana-Moema concentra vários hospitais paulistanos, seria justo ter uma oferta de imóveis a preços acessíveis para profissionais de saúde, a passos do Ibirapuera. Quem sabe aluguel social? Uma região erma e insegura à noite que ganharia vida, movimento. Poderia até ser feito um concurso de arquitetura, tendo o mesmo gabarito da Assembleia, abrigando facilmente 400 apartamentos de 60 metros quadrados, com comércio e serviços no térreo. Certamente, seria um condomínio mais bonito que muitas torres “de luxo” vizinhas, e daria morada a centenas de heróis.

Em 10 000 metros quadrados ali à toa, dá para mostrar que algo vai mudar no pós-pandemia.

Continua após a publicidade

+Assine a Vejinha a partir de 6,90.

Publicado em VEJA São Paulo de 30 de setembro de 2020, edição nº 2706.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.