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Por Saulo Yassuda
O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha desde 2014. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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Água da cervejaria Backer estava contaminada; mortos chegam a 3

Em São Paulo, empresários tiram produtos da marca de seus estabelecimentos

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 jan 2020, 18h20 - Publicado em 16 jan 2020, 16h51

Chegou a três o número de mortos em Minas Gerais por síndrome nefroneural, de acordo com a Polícia Civil. A doença teria relação com o consumo da cerveja Belorizontina, produzida pela mineira Backer, o que fez com que ela deixasse de ser vendida, inclusive em estabelecimentos da capital paulista. Na quarta-feira, dia 15, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que análises detectaram a substância tóxica dietilenoglicol, usada como anticongelante, na água que serve de matéria-prima para as bebidas da empresa. Seis lotes da Belorizontina, além de um da Capixaba (nome usado no Espírito Santo), estariam contaminados.

O dietilenoglicol é o responsável pela doença que causa insuficiência renal e alterações neurológicas. A Backer nega a utilização da substância. Por enquanto, são dezoito casos notificados. O Ministério determinou a suspensão da fabricação e o recolhimento dos produtos da marca. Na tarde desta quinta (16), a pasta informou que 21 lotes de outros rótulos estão contaminados: D2, Backer Pilsen, Brown, Capitão Senra, Fargo 46 e Pele Vermelha.

No mercado de cerveja especial de São Paulo, elas têm certa entrada, ainda que não seja tão forte quanto a das desenvolvidas dentro do estado de São Paulo.

BACKER RECOLHIDA

Os produtos da marca já saíram de cena na capital. “Quando estourou a bomba, eu retirei tudo [da Backer] e já troquei para outro fornecedor”, conta Angelita Gonzaga, sócia do restaurante Arimbá, em Perdizes. “Na correria, não tiramos as taças com o logo da marca. No sábado e no domingo (dias 11 e 12), trabalhamos com outros chopes e cervejas, mas uma das garçonetes serviu no copo da Backer. Recebi um comentário no Face de um cliente falando que a comida estava maravilhosa, mas que ele estava com a pulga atrás da orelha. Queria saber se eu tinha comprovante de que o chope não estava contaminado. Respondi que ele poderia ficar tranquilo, porque só a taça era da Backer.”

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No Empório Alto dos Pinheiros, o EAP, também se vendiam ocasionalmente rótulos da mineira. “Antes mesmo da ordem, resolvi tirar de venda por respeito [ao consumidor]”, afirma sócio Paulo Almeida. No Empório Frei Caneca, na Consolação, o produto já não está à vista dos clientes. “Desde dezembro, estamos sem estoque de cervejas da marca”, diz a gerente Maria do Socorro Feitosa dos Santos. O rótulo específico que teria causado as primeiras intoxicações, raro no mercado paulistano, chegou a ser comercializado por lá, mas acabou em junho de 2019. O Ministério da Agricultura orientou o recolhimento de produtos fabricados de outubro para cá.

Outro lugar onde era possível encontrar a Belorizontina em São Paulo é o Gero Panini, lanchonete do Grupo Fasano, no Itaim Bibi. De acordo com a assessoria de imprensa da companhia, os produtos não estão disponíveis desde a segunda (13) e o lote da Belorizontina servido não estava entre os divulgados como contaminados (L2 1354, L2 1348, L2 1197, L2 1604, L2 1455 e L2 1464). Não foi informado, porém, qual foi o lote comercializado no local.

Produção de cervejas: problemas com a Belorizontina (Divulgação/Divulgação)

MOVIMENTO SEGUE FIRME

Empresários e produtores de cerveja da cidade contam que há muita gente curiosa a respeito dos casos de Minas, mas isso não tem atrapalhado, por ora, o mercado da cerveja artesanal. “Não senti nenhuma rejeição ou dificuldade de movimento nos últimos dias”, relata Edu Brandão Jarussi, sócio do Cateto, em Pinheiros. A casa já serviu opções da linha 3 Lobos, produzida pela Backer, no passado. “A Backer é bem estruturada. Não é uma cervejaria que surgiu ontem”, diz.

No Capitão Barley, em Perdizes, funcionários afirmam não ter sentido impacto após a divulgação dos casos. O mesmo com a Cervejaria Tarantino, no Limão, que se dedica aos chopes de produção própria. “Tem muita fake news rolando sobre o assunto”, acredita o sócio Gilberto Tarantino. Luciano Silva, da Dogma, que também produz as próprias cervejas, em Santa Cecília, diz não ter percebido nenhuma desconfiança da clientela. “A substância responsável por essa contaminação não é utilizada pela maioria das cervejarias. Na verdade, não é recomendada para uso alimentício”, afirma Silva. “Os clientes não estão com receio de beber cerveja. Percebem que é algo bem pontual”, diz Almeida, do EAP.

A Backer pediu aos clientes que não consumam a cerveja Belorizontina, não importa qual o lote.  Em comunicado, afirma que “mantém o foco nos pacientes e em seus familiares” e que “prestará o suporte necessário”. Sobre a investigação, “a empresa segue apurando internamente o que poderia ter ocorrido com os lotes de cerveja apontados pela Polícia. A Backer adianta que, na semana passada, solicitou uma perícia independente e aguarda os resultados. Reitera que, em seu processo produtivo, utiliza, exclusivamente, o agente monoetilenoglicol”.

De acordo com o coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Ministério da Agricultura, Carlos Müller, o processo de fabricação está sendo periciado. São três as hipóteses investigadas: sabotagem, vazamento e uso inadequado de monoetilenoglicol, substância anticongelante, tida como menos tóxica, utilizada pela empresa.

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