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Por Juliene Moretti
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Das pistas para o on-line: onde estão os DJs?

Com casas noturnas sem festas, os artistas migram para a plataforma Twitch, onde exploram experimentações e diálogo com o público

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
5 mar 2021, 06h00

De dentro do closet

De segunda a sexta, às 11 horas da manhã, o DJ Héron Love aparece na tela de seu canal da Twitch ao vivo para mais uma discotecagem de R&B. Cerca de 150 ouvintes já aguardam a sua entrada. Por duas horas, ele é o responsável pela trilha sonora da turma que, de casa e/ou do trabalho, está a fim de curtir músicas diferentes de Erykah Badu, Beyoncé e Drake, entre outros. Na janela do chat ao lado do vídeo, boa parte do público, que chega a ultrapassar 4 000 usuários, manifesta a alegria de conferir as faixas e estar ali.

A interação da “plateia” com o DJ é constante. “É comum jogar um assunto para ser debatido enquanto rola a música. Outro dia, com a polêmica do BBB, falamos sobre separar a obra do autor.” Essa troca entre artista e ouvinte é uma das vantagens oferecidas pela plataforma que permite a transmissão de áudio e vídeo. Inicialmente usada por gamers, ela agora é explorada pelos DJs. Héron se jogou na proposta no início da pandemia. “Achei que seria um mês em casa, comprei um videogame para descansar. Fiquei entediado em uma semana.”

Sabendo que nada ali poderia ser improvisado, como no Instagram, reorganizou o closet recém-reformado para fazer de cenário, com a coleção de sneakers à mostra, além de investir em equipamentos para a transmissão. “Coloquei mais ou menos 50 000 reais, dinheiro que eu não podia gastar. Apostei como um projeto para ser mantido mesmo depois da pandemia, com estrutura, com conceito e patrocínio.” O público também consegue contribuir: os DJs podem ganhar uma porcentagem com as inscrições que recebem em seu canal e há algumas possibilidades para fazer doações. Segundo Héron, a grana tem ajudado a cobrir alguns custos do investimento, mas não tem como viver dessa renda. “É um portfólio para o artista. o cara que tiver um canal legal, com qualidade, vai estar à frente.”

A ideia é mesmo mostrar como a profissão é versátil. No caso de Héron, seus sets são diferentes daqueles que costuma tocar nas baladas. “As pessoas on-line estão mais abertas para apreciar o que a gente quer mostrar. Já na noite, preferem ouvir aquilo que conhecem.” Ele confessa que não vê a hora de voltar para as pistas e, quem sabe, levar o projeto para a rua. https://www.twitch.tv/djheronlove

 

EXPERIMENTOS ON-LINE

DJ Mary G segura um disco em frente ao seu rosto
Mary G: DJ criou projeto na plataforma Twitch (Divulgação/Divulgação)

Um projetor reflete imagens de mandalas e figuras místicas que dão o clima do programa Mistérios da Meia-Noite, da DJ Mary G, às quintas-feiras. No som, estão o resultado de suas pesquisas e experimentações pelo trip-hop, psicodelias e seus beats, que começou a produzir. “Não tem como sentir a pista. Na plataforma, uso a intuição mesmo.” Mary, que é residente no Seen e costumava tocar em casas como Kingston, Pratododia e Mundo Pensante, foi apresentada oficialmente à Twitch ao ser convidada para um festival. “Fiquei muito nervosa, sem saber direito o que rolava por ali.”

No dia seguinte, analisou sua performance, viu o que era comentado no chat, estudou como funcionava, da iluminação aos macetes do som, e entrou de vez na jogada. “Precisava me reinventar para não deixar meus projetos estacionarem.” Ao lado de outras DJs, montou o projeto Uh!manas, para trazer mais mulheres para a empreitada. Chegaram a reunir 100 artistas e angariar patrocínios. Foi dali que desenhou o Mistérios e não parou mais. “Dá muita saudade da noite, mas foi uma lição e agora penso em como levar o trabalho para as pistas.” https://www.twitch.tv/djmaryg

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Como se estivesse em casa

DJ Paulão em frente a uma estante de discos de vinil
DJ Paulão: músico resolveu investir estudos para os shows on-line (Cristhiane Tahira/Divulgação)

Imagine aquelas festinhas em casa, só com pessoas que a gente gosta, ouvindo som e conversando na cozinha. É assim que o DJ Paulão define o clima de seus encontros na Twitch. “A maneira com que se troca informação e música pelo chat é calorosa, espontânea e tem qualidade.” Ele, que é conhecido pelas discotecagens de músicas brasileiras, já tinha experimentado as lives no Instagram (achou caído) e assume que não ficou lá muito entusiasmado quando recebeu o convite para participar de um festival na plataforma. Mudou de opinião de cara ao ver a interação e se dedicou a organizar seus programas. “Foi um parto, treinava muito para fazer as transmissões.”

O DJ trouxe projetos seus já existentes para montar sua semana, como o Hérnia de Discos, que recebeu o complemento Pantufas de Bichinhos, para dar o ar intimista que a quarentena pede. Esse rola às quintas. “Uma das coisas de que gosto muito de fazer e não consigo nas pistas é mostrar as capas dos discos em que estão as músicas que toco. E dá muito certo.” Também entraram na agenda o Outras Estantes, de repertório internacional, todas as terças, e o Vai na Fé, encontro que acontecia presencialmente na loja Patuá Discos, às sextas. “Quando as casas noturnas fecham, parte da gente se apaga. E reacendeu uma chama: essa é uma possibilidade de realizar e criar aquilo que se planejou a vida inteira.” https://www.twitch.tv/djpaulao

 

DANÇANDO SOZINHO

DJ Hadji
DJ Hadji: como curtir com o público mesmo de longe (Rafael Berezinski/Divulgação)

O DJ Hadji conta que sempre gostou de deixar o disco rolando e descer na pista para dançar com a galera. “Não deu mais, então, danço sozinho mesmo durante os programas.” A empreitada na Twitch começou depois de testar as lives no Instagram e no Facebook, bem improvisadas. Um amigo deu a dica, mas alertou: precisam ser transmissões mais elaboradas. Em seus eventos on-line diários, mas sem horários definidos, ele traz seus gostos musicais, com um apanhado da black music, do funk de James Brown, ao hip-hop oitentista e o rap nacional. “Não sou muito de ficar falando. Funciona como uma rádio, e os ouvintes estão lavando louça ou trabalhando.” https://www.twitch.tv/djhadji

 

Festa virtual

Os DJs e projetos que vale conferir:

Deejay Marky

Conhecido por seus sets de drum’n’bass, ele faz transmissão no sábado (6), às 16h. No domingo (7), traz as suas influências do soul, funk e disco, às 14h. https://www.twitch.tv/deejaymarky

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Deejay Marky
Deejay Marky (Reprodução/Reprodução)

Uhmanastv

O grupo reúne mulheres DJs, com música e bate-papo. Tem transmissão neste domingo (7), às 14h e às 23h. www. twitch.tv/uhmanastv

Uhmanastv
Uhmanastv (Reprodução/Reprodução)

DJ Dubstrong

Responsável pela discotecagem na festa Chocolate, o artista apresenta o programa Escapismo, às quintas, e Roots & Fruits Music, aos domingos. https://www.twitch.tv/dubstrong

DJ Dubstrong
DJ Dubstrong (Reprodução/Reprodução)

Tropkillaz

O duo tem mais de 38 000 inscritos no perfil. Tem música neste sábado (6), às 19h, e neste domingo (7), às 17h. https://www.twitch.tv/tropkillaz

Tropkillaz
Tropkillaz (Reprodução/Reprodução)

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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de março de 2021, edição nº 2728

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