O Filho
- Direção: Eliana Monteiro
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 16 anos
- Ano: 2015
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O público acostumado a aplaudir as megaproduções do Teatro da Vertigem pode até estranhar o intimismo da proposta atual. Em quase nada, o drama escrito por Alexandre Dal Farra sob a inspiração do romance Carta ao Pai, de Franz Kafka, lembra os grandiosos O Livro de Jó, BR-3 ou Bom Retiro 958 Metros, montagens que dialogavam fortemente com os amplos ambientes onde eram encenadas, sejam eles a rua ou prédios históricos. Dirigido por Eliana Monteiro, o espetáculo, no entanto, distribui noventa cadeiras claustrofobicamente pelo Galpão do Sesc Pompeia, ocupado por entulhos, móveis velhos e brinquedos, para apresentar uma trama em que a psicologia se sobrepõe às outras referências. A universalidade das relações familiares é retratada através de três gerações de homens de uma mesma família. No centro do conflito está o desestabilizado Bruno (interpretado por Sérgio Pardal) em confronto com a imagem onipresente e inútil do pai (representado por Antonio Petrin) e impotente diante das inconsequências do filho (papel de Rafael Lozano). Se o velho sempre pareceu alheio ao seu redor, o garoto, no entanto, espelha a derrocada de vez nos poucos valores cultivados. Pardal, Petrin e Lozano apresentam fortes caracterizações, capazes de provocar reflexo na plateia. Responsáveis pelas personagens femininas, Mawusi Tulani e Paula Klein comprovam versatilidade e oferecem eficiente suporte aos colegas de elenco. Estreou em 2/7/2015. Até 1º/11/2015.