O Cavalo de Turim

- Direção: Béla Tarr
- Duração: 146 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA
- Ano: 2011
Resenha por Miguel Barbieri Jr.








Diretor do melhor filme em cartaz (Filho de Saul), László Nemes trabalhou como assistente de Béla Tarr por dois anos. Foi, certamente, com o realizador de O Cavalo de Turim que Nemes aprendeu a usar tão bem o plano-sequência em seu longa-metragem. Tarr, o mestre, também é adepto de filmar longos takes sem cortes. Mas seu propósito parece ser outro. Enquanto Nemes prefere a rapidez para seguir seu protagonista num campo de concentração, Tarr deixa a câmera fluir lentamente no registro do cotidiano modorrento (e por vezes assustador) de dois personagens. A abertura cita uma passagem da vida de Friedrich Nietzsche, quando, em Turim, o filósofo abraçou um cavalo chicoteado por seu dono. A partir daí, Tarr, dotado de um rigor estético fascinante, narra o drama do velho Ohlsdorfer (János Derzsi) e de sua filha (Erika Bók). Eles moram numa pequena casa no meio do nada e usam uma égua como meio de locomoção. O pai empenha-se em fazer trabalhos forçados, embora tenha perdido os movimentos do braço direito. Responsável pelas tarefas domésticas, a jovem põe à mesa, todos os dias, uma batata para cada um como refeição. É só o que resta, e, para piorar, um vento incessante os impede de sair. Em sequências milimetricamente estudadas, o cineasta oferece à plateia uma triste história da finitude humana, substituindo diálogos por uma trilha sonora melancólica e repetitiva, tradução exata da vida dos protagonistas. Estreou em 18/2/2016.