Nuno Ramos
Resenha por Julia Flamingo
O pé-direito duplo, as janelas quadriculadas e o piso de madeira da sala principal da Estação Pinacoteca compõem o cenário perfeito para as instalações inéditas de Nuno Ramos. O paulistano se apropria da estrutura do prédio para construir duas grandes obras em formato de balança. Dispostos um em cada ponta dos andaimes, quatro itens (um monte de arroz, um armário, um cavalo de carrossel e um rádio) se equilibram. Aparentemente aleatórias, as peças passam a se relacionar aos vídeos surreais que complementam as instalações. Num deles, Ensaio sobre a Dádiva: Casaporarroz, uma mulher troca os objetos de sua casa por arroz. Em outro, Cavaloporpierrô, um palhaço cantante é fixado no lugar de um cavalo. O mundo extraordinário criado pelo artista fica mais colorido no ambiente que abriga quatro telas tridimensionais, nas quais canos de ferro e pelúcia são acoplados aos quadros pintados por tinta maciça e colorida. Um dos relevos dá o estranho título à mostra, HOUYHNHNMS, que mais parece uma composição de letras acidentalmente acionadas num computador. O nome é inspirado em uma raça de cavalos inteligentes criada pelo escritor irlandês Jonathan Swift para o livro As Viagens de Gulliver. De 29/8/2015. Até 15/11/2015.