Fim de Partida
- Direção: Eric Lenate
- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Mônica Santos
Escrito em 1957, ainda sob a sombria influência do pós-guerra, este texto do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989) exige desprendimento do espectador já a partir da sinopse — em vez de haver tempo, lugar e personagens palatáveis, Fim de Partida se passa no que parece ser um abrigo. Refugiados de uma terra devastada, vagando entre o passado diluído na memória e o futuro que não tem chance de existir, quatro insólitas criaturas discorrem sobre a própria insignificância enquanto esperam a morte. Em jornada dupla, Eric Lenate dirige e interpreta Hamm, o protagonista do drama. Cego e preso a uma cadeira de rodas, ele é uma espécie de líder, ao redor do qual pairam outros três sujeitos: o serviçal Clov (Rubens Caribé), que carrega uma doença qualquer que o impede de sentar-se, e os pais Nagg (Ricardo Grasson) e Nell (Miriam Rinaldi), ambos velhos e mutilados, que vivem dentro de (!) latões de lixo. Como diretor, Lenate optou por uma montagem fria, fiel ao texto, e com espaço para valorizar o trabalho de cada um dos profissionais em cena. Como ator, ele é o que mais intensamente mergulha na solidão do seu personagem, seguido logo atrás por Caribé. À plateia, resta entrar no jogo e aceitar que um texto de Beckett dificilmente carrega respostas. Ao contrário, aqui são inúmeras as possibilidades para refletir sobre a condição humana. Estreou em 2/5/2016. Até 19/12/2016.