César Paternosto
- País: Brasil
- Ano: 2015
Resenha por Julia Flamingo
Em 1968, quando o argentino César Paternosto mudou-se para Nova York, ele percebeu que os latinos não tinham muita chance por lá. Nas décadas de 70 e 80, os artistas sul-americanos eram um incômodo para o sonho nova-iorquino em ser a capital artística do mundo. Foi esse fato (até um pouco traumático) que estimulou Paternosto a criar suas primeiras obras “laterais”, pelas quais é reconhecido até hoje: em vez de enaltecer o centro do quadro, o artista passou a valorizar a margem, ao pintar as bordas das telas. Assim, fez uma metáfora dos artistas invisíveis que passam a ter, em sua obra, mais valor do que aqueles que são o centro das atenções. Dezoito pinturas da série estão presentes em O Som do Silêncio. O título refere-se à tranquilidade transmitida pela superfície branca das telas, que convidam o visitante a admirá-las longamente, e deslocar-se diante delas para conseguir decifrá-las. As formas quadradas e triangulares coloridas pintadas sobre o branco contam, em conjunto, uma história ou uma poesia. É interessante prestar atenção nas cores vibrantes das laterais dos quadros que refletem nas paredes da galeria. Três esculturas também fazem parte da mostra e são expostas no centro do espaço: elas seguem a mesma estrutura linear, horizontal e singela dos quadros.