Andrei Tarkóvski
Resenha por Jonas Lopes
![Retratado neste polaroide, filho do cineasta, Andrei A. Tarkóvski Retratado neste polaroide, filho do cineasta, Andrei A. Tarkóvski](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/andrei-tarkovski-5.jpeg?quality=70&strip=info&w=540&w=636)
![Polaroide do cineasta russo Andrei Tarkóvski mostra a vida tranquila no interior da Itália Polaroide do cineasta russo Andrei Tarkóvski mostra a vida tranquila no interior da Itália](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/andrei-tarkovski.jpeg?quality=70&strip=info&w=540&w=636)
![Exposição da mostra com oitenta polaroides realizadas pelo cineasta russo Andrei Tarkovsky, como este retrato de suaesposa, Larissa Exposição da mostra com oitenta polaroides realizadas pelo cineasta russo Andrei Tarkovsky, como este retrato de suaesposa, Larissa](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/polaroid-68-foto-de-andrei-tarkovsky_-57140847.jpeg?quality=70&strip=info&w=600&w=636)
Nenhum cinéfilo precisa de maiores apresentações quando se trata de Andrei Tarkóvski (1932-1986). Nome por trás de algumas obras-primas das mais sensíveis e metafísicas da história do cinema, caso de Andrei Rublev (1966), Stalker (1979) e O Sacrifício (1986), o diretor russo tornou-se objeto de culto pelos takes longos e pela direção de arte esfumaçada. Não à toa, ele está sendo homenageado com uma retrospectiva na 36ª Mostra Internacional de Cinema. Seu talento, contudo, estendia-se também a outro tipo de câmera, a fotográfica. Por exemplo, Tarkóvski chegou a registrar mais de 300 polaroides. Oitenta delas, clicadas de 1979 a 1984, foram reunidas na mostra Luz Instantânea, em cartaz no subsolo do Masp, e em uma caprichada edição da Cosac Naify (160 páginas). Diminutas, as obras, apesar de mantidas em condições rígidas de temperatura, devem ser vistas pelo público enquanto ainda existem: a qualquer momento podem começar a desbotar, e não há negativos. Tarkóvski fotografava nos intervalos de filmagens e na rotina cotidiana. Os principais personagens dos trabalhos são a esposa do diretor, Larissa Tarkovskaya, o filho do casal, Andrei (curador da montagem, aliás), e o simpático cão da família, Dak (além de um gatinho menos presente, Grisha). Os três aparecem retratados sempre sob um viés terno e gentil. Mas é nos espaços vazios — a casa de campo da família, um lago, descampados outonais, o campanário de uma igreja, as ruas da cidade medieval de Bagno Vignoni, na Toscana, onde Nostalgia (1983) foi filmado — que o silêncio contamina o espectador e o obriga a se comover com a pungente relação entre neblina e luminosidade. O realizador consegue nessas imagens algo raro e admirável: suspender e, para citar o título de seu livro de memórias, esculpir o tempo. De 17/10/2012 a 25/11/2012.