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A piranha empalhada

Por Matthew Shirts
Atualizado em 5 dez 2016, 17h20 - Publicado em 9 mar 2012, 17h10

O melhor presente que já levei para a Califórnia foi uma piranha empalhada. Quem ganhou foi o meu sobrinho Toby, o T. Shirts. É das grandes, com dentes afiados. Comprei-a na Liberdade. Fez o maior sucesso.

Antes de minha última viagem aos Estados Unidos, há três semanas, saí a campo na Vila Madalena em busca de um regalo à altura da piranha. Não é fácil. Além das Havaianas de sempre, made in Brasil, “de verdade”, nunca sei o que levar. Meu irmão Mitch cozinha e costuma pedir linguiça e os pertences da feijoada. Mas tente você entrar nos Estados Unidos com carne salgada para ver o que é diversão de verdade.

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Fazer compras não é o meu forte. Passei pela feira de sábado, na Aspicuelta com a Mourato, onde já encontrei diversos itens interessantes. Vi um guardador de sapatos de pendurar no armário como o que levei para meu saudoso pai, certa vez, mas foi só.

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Estava a pé, claro. É a única maneira de locomoção na Vila Madalena (de carro é preciso estacionar). Na Girassol, entrei em minha loja predileta, depois da Livraria da Vila, a Japonique. Parece um minimercado do Japão. Vende de arroz a quimonos, passando por chás e doces típicos. Para minha surpresa, achei na loja um guia de São Paulo em inglês, chamado “Total São Paulo: A Guide to the Unexpected”. Não acreditei. É para gringos. Diz o que se deve fazer e ver em nossa São Paulo. Como é que fizeram uma publicação dessas sem me consultar? Pior: é de 2009 — e muito boa.

A autora, Thuyen-Quyen Nguyen, gosta tanto de São Paulo quanto eu e conhece melhor a cidade. Escreve com um jeitão jovem e bem informado. Manda os gringos para lojas de discos no 2º andar de um prédio da Rua 24 de Maio (188) e na Sete de Abril (154, nº 26), essa última para quem gosta de música “punk”. Destaca a Galeria do Rock e as lanchonetes do centro da cidade, que ganham o nome de “juice bars”, muito chique.

O guia é organizado por bairros. Cobre minha querida Vila Madalena, claro, dos restaurantes e do Beco do Batman às galerias de arte, mas se dedica a lugares menos óbvios, pelo menos para estrangeiros, como Brás, Bom Retiro e Consolação, sem falar do centro e da Liberdade. Ensina a chegar de metrô e de ônibus. Cobre as feiras de antiguidades todas, com uma lista do que foi encontrado na Praça Benedito Calixto, na República, no Trianon-Masp, na Liberdade e no Bixiga. Conta com um site de atualização, https://totalspguide.com/, menos exuberante, é verdade.

Na feira da Praça da República, a autora diz ter comprado uma estatueta preta de Buda vestida com roupa estilo “disco” (década de 70) e um pente feito de um osso de animal. No Bixiga, adquiriu um tubo de pasta de dentes, ainda sem abrir, marca Colgate, do ano de 1980.

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O entusiasmo move esse tipo de arqueologia urbana, engajada em achar curiosidades em todos os cantos. Thuyen-Quyen não se limita a quinquilharias. Lista também endereços mais elegantes e modernos, como o Hotel Unique, onde sugere um martíni de wasabi no Bar do Telhado, que oferece uma vista boa da cidade, escreve. Mas, se faltar dinheiro para tanto, é possível se contentar com um quarto nos andares mais altos do Hotel Ibis na Avenida Paulista ou do Hotel Formule 1 na Nove de Julho, ambos com vistas lindas dos Jardins.

+ “O Dia do Leitor”, por Ivan Angelo

Fiquei orgulhoso de São Paulo ao ler, na apresentação do guia, que não foi feito um capítulo especial para gays porque eles são bem-vindos em qualquer lugar da cidade. E feliz ao saber que a autora conseguiu comprar, na feira do Trianon-Masp, uma piranha preservada em um cubo de acrílico. Já sei onde procurar o presente da próxima viagem.

E-mail: matthew@abril.com.br

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