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Obra do metrô fará Vai-Vai deixar o Bixiga após 85 anos

A tradicional escola ganhará terreno e nova sede na Ladeira da Memória, no Vale do Anhangabaú

Por VEJA SÃO PAULO
Atualizado em 1 jun 2017, 17h05 - Publicado em 30 jan 2015, 20h30

 

“Quem nunca viu o samba amanhecer vai no Bixiga pra ver (…) O Vai-Vai está firme no pedaço.” Em breve, essa composição de Geraldo Filme, cantada no início de cada evento da escola fundada há 85 anos na Bela Vista, precisará de licença poética para ser executada pelos músicos. A agremiação carnavalesca mais antiga de São Paulo está prestes a trocar o seu tradicional endereço na Rua São Vicente pela Ladeira da Memória, no Vale do Anhangabaú, a 2 quilômetros de distância. A mudança ocorre de forma compulsória para abrir espaço para as obras da Linha 6 – Laranja (Brasilândia – São Joaquim) do metrô. Elas preveem 371 ações de  desapropriação. O valor das indenizações soma 674 milhões de reais. As atividades que antecedem a abertura dos poços para a construção dos túneis e estações já começaram.

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O novo trecho tem previsão de entrega para 2020 e investimento total de 9,6 bilhões de reais. Diante da iminência de a escola deixar o Bixiga, a reta final de preparo para o Carnaval deste ano (a Vai-Vai fará no Sambódromo uma homenagem à cantora Elis Regina), com os tradicionais ensaios que reúnem até 5 000 pessoas na São Vicente, na frente da sede, ganhou um tom de despedida. “Estamos com uma enorme dor no coração”, afirma Fernando Penteado, de 68 anos, neto de um dos fundadores. O despejo só não está sendo mais dolorido porque a localização no centro terá uma vantagem óbvia em relação à atual: o terreno do Anhangabaú tem uma ‡rea de 2 000 metros quadrados, quase o triplo do espaço no Bixiga, onde a quadra e o palco juntos somam 750 metros.

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A área na Ladeira da Memória, onde funcionou um camelódromo há uns cinco anos, tem valor estimado em 15 milhões de reais. Pertence ao governo do estado e será doada à Vai -Vai, em contrapartida à desocupação que a escola fará do seu endereço na Bela Vista. A entidade vai ganhar também do poder público e do consórcio Move São Paulo, responsável pela Linha 6, as obras necessárias para erguer no terreno a nova sede. O projeto prevê um espaço para 3 000 pessoas com ar condicionado, revestimento acústico, camarotes e salas para ações sociais. O custo ainda não foi calculado. Na negociação em busca de outro local, a Vai-Vai topou deixar o Bixiga com a condição de não se afastar do centro. “A escola é patrimônio imaterial da cidade e da Bela Vista”, argumenta Edimar Tobias da Siva, mais conhecido como o Thobias da Vai-Vai, presidente de honra da agremiação.

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Vários detalhes da mudança serão definidos em uma reunião nesta semana com o prefeito Fernando Haddad. Um dos principais pontos da pauta do encontro será a data em que a Vai-Vai terá de deixar a Rua São Vicente. Certo mesmo, por enquanto, é que ela não estará mais por lá em 2016. Enquanto a construção de sua sede não ficar pronta, a escola poderá ocupar uma área alugada nas redondezas. “O Carnaval acontece o ano inteiro, e a agremiação não pode ficar com as atividades paralisadas”, justifica Alcides Amazonas, subprefeito da Sé. Ele é um dos mais animados com a mudança. “O terreno estava vazio. Entregá-lo à  escola é reconhecer o o samba e ocupar os espaços com cultura”, completa.

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Esse entusiasmo não é partilhado pelos novos vizinhos da Vai-Vai. “Com certeza vamos fazer abaixo-assinado contra isso. É uma questão de sossego e segurança”, diz Ermelinda Martins, síndica de um prédio de oito andares e com 78 apartamentos que fica ao lado da Ladeira da Memória. “Pode ser bom para o movimento das lojas e bares. Para quem tem família tradicional, não”, afirma Alexandre Begotto, dono de uma lavanderia na região. Maior campeã do Carnaval de São Paulo (tem catorze títulos, contra onze conquistas da Nenê de Vila Matilde, a segunda colocada no ranking), a Vai-Vai nasceu em 1930 como um cordão. Ganhou a primeira sede oficial trinta anos depois, na Rua 14 de Julho. Ficou por lá até 1972, quando se mudou para a Rua São Vicente. No futuro, quem quiser ver o samba amanhecer terá de se dirigir ao Anhangabaú.

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