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Depois da greve, metroviários paulistanos prometem operação-padrão

Em junho, o Metrô concedeu 4,35% de reajuste salarial e aumento de 3,09% nos benefícios

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Na sala da diretoria do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, no Tatuapé, chamam atenção os monitores de tela plana que repousam sobre as mesas dos funcionários e o retrato de Che Guevara que ornamenta uma das paredes. São símbolos da modernidade e do atraso que convivem lado a lado no metrô paulistano. Transporte público avaliado como excelente por 93% de seus usuários, o sistema vem sendo assombrado por constantes greves que prejudicam milhões de pessoas. Só neste ano, os metroviários cruzaram os braços por três vezes. Na última dessas paralisações, nos dias 2 e 3, São Paulo viveu momentos de caos. Aglomerados e espremidos nas estações, 2,4 milhões de passageiros não conseguiram embarcar nos trens. Houve tumulto. Carros e ônibus também ficaram presos em congestionamentos que atingiram 180 quilômetros na noite de sexta-feira (3). Segundo o Metrô, os prejuízos para a cidade foram da ordem de 19 milhões de reais.

A greve do início do mês teve o apoio, segundo o sindicato, de 7.000 dos 7.500 funcionários. “Nossas paralisações nunca têm menos de 87% de adesão”, afirma o presidente, Flávio Montesinos Godói. “A categoria sabe que fazemos de tudo para defender nossos direitos.” E haja reivindicações. Em 23 de abril, os metroviários se sentiram no direito de atrasar em uma hora e meia suas atividades para protestar contra a Emenda 3, que proíbe aos fiscais da Receita atuar como juízes do Trabalho. Em 14 de junho, pararam por 24 horas para pedir reajuste salarial. Receberam aumento de 4,35% sobre os rendimentos mensais e 3,09% sobre os benefícios. Os metroviários paulistanos ganham, em média, 3.600 reais por mês. Bem mais que seus colegas do Rio de Janeiro e de Brasília, por exemplo, onde a média salarial é de 2.100 reais e 1.300 reais, respectivamente. Um mês e meio depois, eles voltaram a ficar em casa. Dessa vez, a bandeira foi o aumento da participação nos resultados da empresa, que passaria de 2.750 reais para 4.700 reais, distribuídos de forma fixa para todos os funcionários, independentemente do cargo. O Metrô não aceitou mais esse absurdo. “Queremos pagar o benefício de forma proporcional à responsabilidade de cada funcionário”, afirma o presidente interino da empresa, José Jorge Fagali.

Ao cruzarem os braços, os sindicalistas desrespeitaram um compromisso firmado em 31 de julho com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de não decretar greve por sete dias. Iniciaram o movimento dois dias depois sem nem sequer avisar o Metrô com 72 horas de antecedência, conforme prevê a lei federal. Ignoraram ainda a determinação da Justiça para operar com 85% da frota em horários de pico e 60% nos demais. Após a greve, foram demitidos 61 funcionários e o sindicato recebeu uma multa recorde de 1,7 milhão de reais, estabelecida pelo TRT, que considerou a paralisação abusiva. “Eles agiram de má-fé e infringiram diversas leis, entre elas a Constituição, que garante aos cidadãos o direito de ir e vir”, diz a procuradora regional do Ministério Público do Trabalho de São Paulo, Oksana Boldo. “Se as ameaças à população continuarem, estudaremos uma forma de intervir no sindicato.”

Só neste ano, o sindicato dos metroviários – cuja diretoria está dividida em duas alas, uma ligada ao PT, PSB e PCdoB e outra ao PSTU e PSOL – foi multado duas vezes pela Justiça por fazer greves e manifestações consideradas abusivas. Não pagou. E vem mais confusão por aí. Em assembléia que reuniu cerca de 350 pessoas na última quarta (8), foi decidido o início de uma espécie de operação-padrão, que começou já na quinta, em represália às demissões anunciadas pelo Metrô. Não farão mais horas extras nem serviços que estejam fora de suas funções habituais. “Se não tiver operador para colocar os trens para funcionar, problema do Metrô”, disse Flávio Godói. Quem pagará a conta, mais uma vez, seremos nós.

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QUEM SÃO E O QUE QUEREM

• O Metrô tem 7 500 funcionários (6 500 sindicalizados)

• A média salarial é de 3 600 reais

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• O orçamento do sindicato para 2007 é de 3,7 milhões de reais

• Entre os benefícios dos metroviários estão: assistência médica e odontológica, previdência suplementar, adicional de 1% do salário para cada ano de serviço a partir do quinto ano, gratificação de férias, antecipação do 13º salário em janeiro e participação nos resultados da empresa (no ano passado, cada metroviário recebeu 2 750 reais)

• Os grevistas reivindicam que a participação nos resultados passe para 4 700 reais por ano, com adiantamento de 1 800 reais em setembro

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• Em junho, o Metrô concedeu 4,35% de reajuste salarial e aumento de 3,09% nos benefícios

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