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Comprar no free shop vale a pena?

Veja São Paulo mostra que alguns aparelhos eletrônicos custam até 87% mais caro que em outros países

Por Rodrigo Brancatelli
Atualizado em 5 dez 2016, 19h20 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Para a maioria dos turistas, dar uma passadinha no free shop após uma viagem ao exterior é um programa quase tão obrigatório quanto ver a Estátua da Liberdade em Nova York ou a Torre Eiffel em Paris. Afinal, quem resiste à tentação de comprar uísque escocês, chocolate belga e mimos eletrônicos de última geração sem impostos? Essa perdição tende a aumentar. Até o fim do ano, passageiros de vôos internacionais terão à disposição nos aeroportos brasileiros novas grifes, como Hermès, Lacoste e Bulgari. Isso porque as 29 lojas do free shop, mantidas desde 1978 pela empresa Brasif, foram vendidas por 250 milhões de dólares para a multinacional Dufry, que possui 370 pontos-de-venda em aeroportos de 35 países. Um dos maiores atrativos do Brasil é o crescimento anual de 15% no número de viajantes, o dobro do que se observa no restante do mundo. Já as vendas vêm crescendo 33% ao ano desde 2001 e atingiram 262 milhões de dólares no ano passado. As lojas duty-free do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, apresentam o segundo maior faturamento das Américas, perdendo apenas para o John F. Kennedy, de Nova York. Mas será que os preços são assim tão atraentes?

No free shop do desembarque podem-se gastar até 500 dólares – ou quase 1.090 reais, pois desde o dia 5 a moeda brasileira é aceita. Já no embarque para outros países não há limite de gastos. Ao voltar, entretanto, o passageiro brasileiro precisa declarar todos os bens adquiridos (tanto no free shop do embarque quanto em lojas no exterior) e pagar imposto de 50% sobre o que exceder 500 dólares. Há cerca de 10.000 produtos importados no duty-free de Cumbica. De acordo com um levantamento de Veja São Paulo em seis aeroportos do mundo (veja o quadro), bebidas e perfumes podem sair mais em conta que na Europa. Uma garrafa de 1 litro do Johnnie Walker Black Label custa em Guarulhos 30,50 dólares, enquanto em Paris sai por 35 dólares e em Amsterdã, 37,50. O perfume Polo Black tem diferença de apenas 1 ou 2 dólares. Em Buenos Aires, a unidade duty-free chega a ser 20% mais cara (principalmente por causa do aluguel mais alto e do estoque pequeno, o que encarece o frete).

No entanto, quando se levam em conta os produtos eletrônicos, a situação muda. Enquanto um iPod de 30 gigabytes de capacidade custa 499 dólares por aqui, em Nova York ele sai por 340 e em Londres, por 400. Uma câmera ou uma filmadora digital pode custar 87% a mais do que nos EUA. Segundo a Brasif, a culpa é dos impostos. O free shop brasileiro tem autorização da Receita Federal para vender sem o imposto sobre a importação de produtos estrangeiros (II). Em termos práticos, isso significa até 40% de desconto (o mesmo iPod, por exemplo, é vendido por 1.799 reais na Fnac, o equivalente a 825 dólares). Ainda assim, a empresa é obrigada a pagar contribuições trabalhistas e alíquotas sobre o faturamento, como PIS, Cofins, Fundaf. Em muitos lugares, há a isenção total ou parcial de taxas, o que diminui os preços. “Sem falar que o frete para o Brasil custa mais que para outros países”, diz Gustavo Fagundes, diretor de operações da Dufry. “Com a nova direção, teremos um poder de barganha maior com os fornecedores e seremos mais competitivos.”

Compare os preços de alguns artigos no Aeroporto de Cumbica e em outras cidades (em dólares)

1 – Aparelho de MP3 iPod de 30 gibabytes

Buenos Aires ­ 681

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São Paulo ­ 499

Londres ­ 400

Paris ­ 393

Amsterdã ­ 387

Nova York ­ 340

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2 – Câmera digital Sony Cyber-shot DSC-T5

São Paulo ­ 599*

Buenos Aires ­ 590

Amsterdã ­ 399

Londres ­ 380

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Nova York ­ 320

Paris ­ não vende

3 – Uísque Johnnie Walker Black Label ­ 1 litro

Amsterdã ­ 37,50

Paris ­ 35

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Londres ­ 31

Buenos Aires ­ 30,50

São Paulo ­ 30,50

Nova York ­ 28,99

4 – Perfume Polo Black (Ralph Lauren) – 75 mililitros

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Buenos Aires ­ 52

São Paulo ­ 43

Nova York ­ 42

Londres ­ 41

Amsterdã ­ 41

Paris ­ 40

5 – Óculos Ray-Ban Aviator 3025

Buenos Aires ­ 140

Amsterdã ­ 129

Paris ­ 108

São Paulo ­ 101

Nova York ­ 79,99

Londres ­ não vende

6 – Filmadora digital Sony Handycam DCRHC21

São Paulo ­ 749*

Amsterdã – 550

Londres ­ 510

Nova York ­ 420

Buenos Aires ­ não vende

Paris ­ não vende

7 – Computador de mão Palm Zire 22 Color

São Paulo ­ 159

Amsterdã ­ 127

Paris ­ 127

Londres ­ 123

Nova York ­ 99

Buenos Aires ­ não vende

* Só pode ser comprada no embarque de São Paulo para o exterior.

Na chegada, o limite de compras é de 500 dólares por pessoa.

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