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Projeto quer calçadão na rua Augusta

Ideia é interditar o trecho mais badalado da região, deixando livre para pedestres toda sexta e sábado à noite 

Por Diógenes Muniz
Atualizado em 5 dez 2016, 15h42 - Publicado em 23 ago 2013, 13h57

Nada de carro da Dona Antônia de Queiróz até a Marquês de Paranaguá. São cerca de 300 metros de rua Augusta fechados para automóveis e abertos para pedestres, das 22h às 6h, toda sexta e sábado. É o que demanda projeto elaborado pelo produtor cultural Sérgio Carrera e encampado por comerciantes e frequentadores da rua.

Carrera é fundador do Comitê Aliados do Parque Augusta. O grupo surgiu em 2006, mas ganhou notoriedade nos últimos dias ao expor a luta por um espaço verde de 24.752 metros quadrados. Empreiteiras planejam erguer ali dois prédios.

Em sua nova investida, Carrera mira conseguir apoio popular para interditar para pedestres um trecho da Augusta que conta hoje com 21 estabelecimentos que funcionam como bar, boteco ou clube. Mono Club, Outs, Inferno, Dex, Bar do Bahia, Beco 206, Blitz Haus e outros “points” ficam no trecho.

“A ideia é começar por ali porque é lá que fica a maior parte das baladas, ou seja, vive apinhado de gente, filas, pessoas bebendo sentadas nas guias. Como as calçadas são estreitas, os jovens precisam andar no meio da rua, entre carros e motos, o que é no mínimo perigoso”, afirma Carrera.

De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Augusta registrou em 2012 índice de atropelamentos quase igual ao da avenida Paulista, que tem o triplo de faixas para carros –foram 29 na Augusta contra 32 na Paulista. Ainda segundo o órgão, o pior horário para trafegar pela Augusta é depois das 21h no trecho conhecido como Baixo Augusta –onde o projeto do calçadão propõe interditar.

“A escolha deste quarteirão acontece também pelas possibilidades de desvio do trânsito sem maiores alterações ou transtornos”, explica Carrera.

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O projeto sugere ao motorista que vai para o centro virar na Peixoto Gomide e descer a Frei Caneca até a Caio Prado ou descer a Bela Cintra e pegar a Consolação. E como opção para subir, o motorista poderia entrar na Caio Prado e chegar até av da Consolação.

 

NOITE

De 2004 para cá, a rua Augusta teve mais de 30 lançamentos imobiliários. Viu também o preço do metro quadrado explodir, sobretudo no Baixo Augusta (hoje, pode chegar a 12 mil reais para prédios residenciais e 15 mil reais para escritórios). O calçadão, segundo seu idealizador, seria uma tentativa de evitar que a especulação imobiliária torne a Augusta cada vez mais homogênea, cara e residencial.

“Estamos perdendo a característica que tornou a rua famosa internacionalmente, que é essa coisa [de ser] notívaga, abrigo de diversas tribos e classes sociais”, diz Carrera.

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O projeto conta com a simpatia de gente como o músico Tom Zé e o arquiteto Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade (veja vídeo acima). “Os protestos recentes mostram que a população está mais disposta a ocupar as ruas. Há um afeto maior entre as pessoas e a sua cidade”, diz Pirondi.

“Se for implementada, a ideia pode trazer mais segurança para quem frequenta a noite por aqui”, diz Carrô Schamall, dona do badalado Caos, que funciona como antiquário de dia e bar à noite.

A resistência maior ao calçadão deve vir dos estacionamentos (são sete só no trecho). Sem falar nos moradores que vivem nos três prédios residenciais com garagem do trecho, como a comerciante Luciana Figueiredo. “Como vou conseguir entrar com meu carro aqui na garagem? E se tiver emergência? Acho complicado”, questiona Luciana. A proposta prevê a entrada de ambulâncias na área de interdição em casos de emergências.

Carrera diz já ter apresentado o plano ao subprefeito da Sé, Marcos Barreto. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano preferiu não se manifestar sobre o teor da proposta –diz que precisa “estudar” o projeto antes.

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