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Rolezinhos dominam parques e prefeitura monta força-tarefa

Encontros de jovens da periferia marcados pela internet também ocorrem em shoppings; há registro de sete comas alcoólicos

Por Adriana Farias
13 abr 2017, 20h04

Ao surgirem, em 2014, os rolezinhos – eventos espontâneos marcados pela internet por jovens de bairros da periferia – ficaram conhecidos pelo rastro de tumultos provocados em shoppings e parques da capital. Após um período de paz, o alvoroço voltou para uma segunda temporada.

Desde o início do ano, uma multidão tem se reunido aos domingos na marquise do Parque do Ibirapuera. Alguns dos encontros chegam a juntar 20 000 pessoas. Outros pontos que receberam concentrações do tipo nos últimos tempos foram o Parque do Carmo e os shoppings Aricanduva, Metrô Itaquera e Metrô Tatuapé, todos na Zona Leste.

Por enquanto, não houve episódios de depredação, furtos ou roubos de lojas, como era comum há dois anos. “Estamos monitorando os movimentos”, diz o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers, Glauco Humai. Mas isso não significa que esses locais estejam livres de problema.

Em março, ao menos sete casos de coma alcoólico foram registrados entre indivíduos de 12 a 17 anos. Outras ocorrências incluíram detenções por porte de armas de brinquedo e de drogas e consumo de maconha. Nesse período, a Guarda Civil Metropolitana apreendeu 1 800 litros de cachaça, vodca e uísque, vendidos por ambulantes ou trazidos na mochila pelos próprios menores.

O youtuber Danilo Vieira: ele causa furor quando aparece nos eventos (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Apenas no evento mais recente, no último dia 9, no Ibirapuera, agentes confiscaram 185 embalagens de bebida. No mesmo dia, dois jovens na faixa dos 16 anos foram socorridos por embriaguez excessiva. Os encontros informais retornaram à cena após a extinção do Rolezinho da Cidadania, projeto criado em 2014 pela prefeitura justamente para coibir a bagunça em espaços públicos.

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Ao custo de 100 000 reais por evento, o programa previa a demarcação de área para a balada, contratação de seguranças particulares, instalação de banheiros químicos, horário determinado e fiscalização para prevenir a venda de álcool a menores. No segundo semestre de 2016, no entanto, a gestão municipal pôs fim à iniciativa por falta de verba.

O presidente da Associação Rolezinho a Voz do Brasil Darlan Mendes: luta para que eventos oficiais com apoio da prefeitura voltem a ocorrer (Léo Martins/Veja SP)

Assim, a movimentação voltou a ser organizada por meio de redes sociais. “Fizemos nove reuniões com representantes do prefeito para resolver a situação e nada saiu do papel”, lamenta Darlan Mendes, presidente da Associação Rolezinho A Voz do Brasil, entidade que representa os eventos oficiais. “Seguramos a molecada até o limite.”

A novidade desse revival é que o fenômeno ganhou caráter de festa temática, com motes diferentes a cada encontro. O de domingo passado, por exemplo, foi o “dia do beijo”, no qual “ninguém poderia sair sem ‘ficar’ com outra pessoa”. Algumas semanas atrás, ocorreu a “festa do farol”, em que cada participante deveria escolher ou uma camiseta verde (para indicar que estava solteiro), ou amarela (à procura de alguém) ou vermelha (comprometido).

Rolezinho no Shopping Metrô Tatuapé, na Zona Leste: milhares de jovens convocados pelas redes sociais (Tiago Silva/Estadão Conteúdo/Veja SP)

O furor também aumenta com a eventual presença de youtubers famosos entre o público adolescente. É o caso de Letícia Xavier, de 17 anos, e de Danilo Vieira, 18, ambos com capacidade de arrastar multidões a cada vez que anunciam que comparecerão a algum evento.

“Costumo ir para interagir com os fãs, mas essas cenas de gente bebendo até cair me preocupam porque podem queimar nossa imagem”, comenta Vieira, com 11 milhões de visualizações em seu canal no YouTube. No início de março, uma força-tarefa composta de diversas secretarias municipais executou operações durante os rolezinhos com o objetivo de conscientizar os jovens.

Uma base móvel chegou a ser instalada no Ibirapuera para a realização de testes de HIV e distribuição de água. O local ganhou ambulâncias e o reforço de 95 guardas civis para a revista de bolsas e mochilas.

A prefeitura admite tratar-se de ações paliativas, mas comemora a queda no consumo de álcool: o volume médio apreendido por evento baixou de 650 para 180 litros. “Essa intervenção é barata e tem surtido efeito”, explica a secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Patrícia Bezerra, que ainda estuda a criação de um projeto. “Estamos trabalhando em parceria com a Cultura e Esportes para oferecer algo mais concreto e estrutural.”

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